Estiagem prejudica plantação de frutas na região

Após um inverno rigoroso e chuvoso e um início de primavera com clima ameno e boa quantidade de chuvas, os produtores de pêssego de Pinto Bandeira estavam esperançosos para uma boa safra. Mas, não foi o que aconteceu. Desde setembro os índices pluviométricos ficaram bem abaixo do esperado. E isso foi se agravando ao longo dos meses. Com a estiagem, os frutos não se desenvolveram corretamente, ficando menores que na safra passada, porém mais adocicados. Desde 2004, os produtores não passavam por uma estiagem como a deste ano. Esse quadro desfavorável ocasionará, segundo estimativas da unidade da Emater em Pinto Bandeira, queda de duas toneladas por hectare plantado, o que representaria 12,5% a menos que no ano anterior.  

Na câmara fria FruttiQualitá, o sócio, Rogério Longo, contabiliza as perdas com a estiagem. “A falta de chuva, além de prejudicar o desenvolvimento dos produtos, já causou queda na produção em cerca de 30%”, relata. No ano anterior haviam sido comercializadas pela empresa, aproximadamente, 600 toneladas. Longo está pessimista para este ano: a estimativa é que não ultrapasse as 400 toneladas.

O produtor conta que os sócios da empresa estão desmotivados e preocupados com o prolongamento da estiagem e com o baixo preço do quilo do produto. “No ano passado, era pago ao produtor entre R$ 0,90 a R$ 1 ao quilo, mas o custo de produção ficou entre R$ 0,60 e R$ 0,70, tendo uma boa margem de lucro. Mas para a safra deste ano o custo da produção está entre R$ 0,90 e R$ 1, e o máximo que estão nos pagando ao quilo é R$ 1,20. É muito baixo o valor para tanto trabalho”, explica.

As perdas com a estiagem só não prejudicaram ainda mais  os produtores de Pinto Bandeira, porque alguns agricultores construíram dutos de irrigação em toda a plantação.

Granizo: Mais de R$ 60 milhões em prejuízos na região

O temporal de granizo que caiu na noite do dia 14 de dezembro na Serra Gaúcha atingiu 2 mil produtores rurais da região. Segundo dados da Emater, o prejuízo é superior a R$ 60 milhões em 12 municípios: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Cotiporã, Farroupilha, Flores da Cunha, Gramado, Ipê, Nova Petrópolis, Nova Roma do Sul,  São Marcos, Vale Real e Veranópolis. No total, nesses municípios, foram afetadas 1,2 mil propriedades, o que representa 4,4 mil hectares e 62,6 toneladas em perdas da produção atual, englobando viticultura, fruticultura e hortaliças. A estimativa é que cerca de 80% dos parreirais atingidos pela forte chuva de granizo tiveram perda total. “O pior é que muitos parreirais terão de ser replantados, o que afetará a produção não só deste ano, mas dos próximos”, alerta o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani

Nesta semana foi decretada situação de emergência em Bento Gonçalves e Caxias do Sul. Em Bento Gonçalves, foram atingidas as propriedades de 99 famílias nas localidades de Linha Brasil, do distrito de Pinto Bandeira, e na comunidade de São Luiz da Antas, do distrito de Tuiuty. No total, 500 dos 6,16 mil hectares de uva tiveram uma perda de 75% da produção. Dos 2 mil hectares de outras frutíferas, 10 foram atingidos com 90% de prejuízo e nos 300 hectares de olerícolas, 10 hectares foram 100% atingidos. A soma dos prejuízos fica na ordem dos R$ 6,6 milhões.

Além da falta de chuva, as pedras que caíram na última semana causaram a destruição total de plantações como a de Gilberto Pastorello, morador da Linha Brasil em Pinto Bandeira. Com um total de 15 hectares de plantação, tudo foi perdido. “Iríamos produzir cerca de 200 toneladas de frutas, como uva, pêssego, caqui e laranja. Conseguimos colher apenas 30 toneladas”, relata Pastorello. “Em menos de 15 minutos o trabalho de um ano todo, veio abaixo”, desabafa.

O agricultor conta que a produção estava baixa devido à estiagem, mas para garantir a qualidade do produto, colocou canos de irrigação em toda plantação. Com a forte chuva de pedras, em muitas plantas restaram apenas os galhos. “Nunca tínhamos tido tanto prejuízo, antes era melhor a estiagem do que todas aquelas pedras”, enfatiza.

Pastorello não havia feito seguro da plantação e espera conseguir um auxílio para salvar o pouco que restou. “Agora só temos que fazer o tratamento e ter esperança que a próxima safra não seja tão prejudicada, devido aos estragos”, salienta. Além da família Pastorello, outras 90 sofreram grandes prejuízos em sua produção, todas moradoras da Linha Brasil em Pinto Bandeira.

Carina Furlanetto e Katiane Cardoso 

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