Estrada entre Bento e Pinto Bandeira continua causando transtornos a moradores e empresários da região

O município de Pinto Bandeira sempre teve grande relevância na agricultura da região da Serra Gaúcha e, com o passar dos anos, também se tornou uma importante rota turística. Com diversos agricultores, empresas, vinícolas e empreendimentos gastronômicos, a VRS-855, que liga as cidades de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, tem se tornado cada vez mais movimentada. Mesmo assim, os investimentos do Estado para a rodovia não parecem acompanhar o crescimento da região. 

Os moradores relembram que, ainda na época em que o município era distrito de Bento, a pavimentação da rodovia significou um grande passo para a mobilidade e economia do local. Entretanto, com o passar dos anos, o aumento de fluxo de caminhões para escoamento dos produtos levou à deterioração do asfalto. “A manutenção sempre foi precária, e com o passar dos anos a situação foi se agravando. Tem trechos em que mais da metade do asfalto já se perdeu”, descreve um dos proprietários da vinícola Don Giovanni, Daniel Panizzi. 


Foto: Eduarda Bucco/SERRANOSSA
 

O empreendimento foi fundado em 1982 e acompanhou o desenvolvimento do município, além das diversas tratativas com o governo do Estado para conserto da estrada. “Nós já reivindicamos melhorias inúmeras vezes. Já tivemos, inclusive, encontros com o próprio governador”, relata Panizzi. Questionado sobre os prejuízos que a precariedade da estrada gera ao dia a dia da empresa e de sua família, o empresário cita “inúmeros pneus furados e rodas danificadas. Além de alguns acidentes já relatados por moradores da região”, complementa. 

A família do jovem Guilherme Rubbo vive ao lado da rodovia desde a geração de seus bisavôs. Auxiliando na empresa familiar, Rubbo comenta que utiliza a estrada pelo menos duas vezes ao dia e também desabafa sobre a dificuldade de transitar pelo local. “Muitas vezes é preciso sair da rodovia e andar no acostamento, que é de mato e mesmo assim é melhor que a estrada”, afirma. “Tanto eu quanto a minha irmã já sofremos acidentes nessa rodovia”, relata. 

Outro aspecto destacado pelos moradores e empresários de Pinto Bandeira diz respeito à falta de iluminação e sinalização da estrada. “Em algumas partes poderia haver melhor iluminação, porque é perigoso, principalmente à noite, colocando as pessoas que passam pela rodovia em risco”, complementa Rubbo. 


Foto: arquivo pessoal
 

A precariedade da via também é apontada por ciclistas como Valmor José Caon, que pedala pelo trajeto Bento/Pinto Bandeira seguidamente. “No trecho até a entrada do município de Pinto Bandeira começa o pesadelo. Não tem a mínima condição de trafegar, uma vez que não há escoamento de água nas laterais, não tem sinalização de trânsito. Passando a Ponte do Buratti, parece a Lua, cheia de buracos”, comenta. O ciclista também relata que o mato tem tomado a estrada em diversos trechos. “Realmente é uma aventura perigosa para o ciclista, imagine para quem precisa fazer esse trajeto diariamente. Não buscamos o ideal, mas apenas o mínimo necessário para trafegabilidade”, ressalta. 

Responsabilidade de quem?

A VRS-855 é uma rodovia vicinal de responsabilidade do governo do Estado e sua manutenção cabe ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). Conforme informações repassadas pela assessoria da autarquia estadual, há cerca de 60 dias foi realizada uma nova operação tapa-buracos no local. Entretanto, ainda conforme o órgão, “o segmento necessita de uma recuperação, que será feita conforme a liberação de recursos do governo para as intervenções na 2ª Superintendência Regional de Bento Gonçalves”. 

Mas o serviço que deveria ser inteiramente realizado pelo Estado, tem contado com o apoio da prefeitura de Pinto Bandeira para agilizar o processo. “Há um convênio entre o DAER e a prefeitura há uns três anos, para realização de operações tapa-buracos. Mas neste ano fizemos um convênio que inclui, ainda, roçada, limpeza de valeta e disponibilização de máquinas para recapeamentos. Então a gente oferece a mão de obra e as máquinas e o DAER entra com a obra-prima”, explica o prefeito de Pinto Bandeira, Hadair Ferrari. 


Foto: Eduarda Bucco/SERRANOSSA
 

Ferrari relata que o novo convênio foi publicado no Diário Oficial do Estado em março e, depois disso, nenhum novo movimento foi feito pelo DAER. “O que propomos para o DAER é que nos concedesse material ao menos para recaparmos 2km da rodovia, nos piores trechos. E eles concordaram. Mas aí veio a bandeira preta e não se conversou mais”, relata o prefeito. “Agora vamos esperar uma nova reunião, uma visita, para evoluirmos. Eu tenho esperanças que ainda neste ano deva acontecer”, continua. 

Já a iluminação fica a cargo das administrações municipais. Conforme o prefeito de Pinto Bandeira, nos últimos meses o município teve problemas com o caminhão utilizado para manutenção das lâmpadas, o que teria impossibilitado a troca de algumas queimadas. “Mas agora já está tudo em dia”, afirma. Questionado sobre outras intervenções, como melhorias de sinalização, Ferrari não comentou sobre o assunto. 

A prefeitura de Bento Gonçalves, responsável pelo trecho inicial da via, afirma que há um projeto de sinalização voltado para o ciclismo. Além disso, comenta que o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) da Iluminação Pública, que prevê a troca de todos os pontos de luz do município por lâmpadas LED, também contemplará o trecho da VRS-855.