Estudantes da Serra Gaúcha também são afetados com suposto erro em correção do Enem

Desde a divulgação dos resultados do Enem 2020 na segunda-feira, 29/03, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), participantes de todo o Brasil têm relatado possíveis erros na correção da redação da prova. Na Serra Gaúcha, o cenário se repete. Em conversa com o SERRANOSSA, três estudantes que vêm se preparando há anos relatam a frustração de terem perdido a chance de entrar na universidade desejada por conta do possível equívoco.

O estudante de Medicina Bruno Tregnago Garcia faz o Enem há quatro anos. Desde então, a média geral na prova de redação tem ficado entre 920/960. Neste ano, entretanto, a nota caiu para 780. “Apesar das notas como a de matemática terem pulado de 663 para 784, minha redação que escrevi todo o ano exatamente do mesmo modelo ficou em 780”, lamenta. 

O mesmo aconteceu com o bento-gonçalvense Davi Salini, que tem estudado para o exame há cerca três anos. A nota de 900 na redação fez baixar sua média final para 769. “Mandei a minha redação para correção, um dos corretores foi um professor que participou do processo de correção do Enem 2020. Ele me deu 60 pontos a mais, assim como outra professora”, relata. “Com 60 pontos a mais, minha média final ficaria em 781. Essa era a nota de corte de uma universidade que eu queria no ano passado”, conta Davi.

Já a participante Lara Lanius, de Salvador do Sul, teve sua redação anulada neste ano, excluindo a possibilidade de se inscrever no Sisu ou aplicar para uma bolsa do Prouni. O objetivo era ingressar na faculdade de Medicina Veterinária. “Eu não sei o motivo, ainda não liberaram o espelho. Mas eu nunca imaginei que iria zerar a redação. Eu escrevi várias redações para um cursinho e todas eu tirava cerca de 900”, revela. “Eu ia me inscrever para o Sisu, mas agora eu não posso nem tentar. É um ano que eu perdi. E eu tive muito estresse estudando”, lamenta. “O pior de tudo é que não sei se foi um erro meu ou do Inep, só vou saber isso depois do Sisu, porque ainda não divulgaram o espelho da redação. Por que isso?”, questiona. 

Em nota oficial, o Inep afirmou que os textos dos participantes “podem passar por até quatro correções para o cálculo da média final, o que correspondeu, nesta edição, a, aproximadamente, sete milhões de análises dos textos válidos, sem contar as folhas em branco ou com texto insuficiente”. O instituto ainda afirma que os corretores são selecionados a partir de um “rigoroso” processo e após uma capacitação feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). “O processo é acompanhado em todas as suas etapas e segue rigorosamente os critérios estabelecidos pelo Inep”, acrescentou. 

Agora, os participantes aguardam a divulgação do espelho das redações, que sairá apenas no dia 28/05. Com isso, será possível conferir os critérios de avaliação utilizados pelos corretores e, se necessário, solicitar revisão.