Estudantes de Psicologia de Bento oportunizam mergulho no universo feminista

Você sabe qual a diferença entre Misoginia e Misandria? O que é Sexismo? Patriarcado? E que Feminismo não é oposto de Machismo? Nos últimos anos, a pauta feminista tem ganhado espaço em discussões entre homens e mulheres de todo o mundo. Apesar disso, uma série de dúvidas e conclusões precipitadas sobre o assunto continua. Foi pensando nisso que duas amigas e estudantes de Psicologia de Bento Gonçalves decidiram aprofundar o conteúdo de forma leve e descontraída. 

O projeto “As Julias” surgiu em julho deste ano, a partir da ideia inicial da estudante Julia Buffon Locatelli de produzir vídeos falando sobre Feminismo e questões relacionadas às mulheres. Entretanto, a proposta tomou maiores proporções após a polêmica envolvendo o artista Dan Bilzerian. Uma das idealizadoras do projeto, Julia Ferreira Guedes, fez um desabafo em seus “stories”, no Instagram, falando sobre a objetificação da mulher. “Devido à repercussão desse desabafo e ao apoio recebido em relação ao fato de 'precisarmos seguir falando sobre isso', resolvemos iniciar este projeto juntas e dar voz ao que sentimos necessidade de transmitir”, contam. 

As Julias estão no terceiro ano da faculdade de Psicologia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Envolvidas com o Feminismo há anos, as duas decidiram mergulhar no assunto, passando a pesquisar e se especializar cada vez mais sobre o universo feminista. Assim, passaram a produzir vídeos educativos sobre diferentes aspectos importantes do movimento. “Nosso objetivo inicial era dar voz às mulheres, sobre assuntos necessários a serem discutidos e tratados. Conforme nós fomos nos reunindo, estudando e criando o nosso projeto, sentimos a necessidade de fazer um embasamento histórico sobre os assuntos que trazemos nos vídeos, a fim de esclarecer para as pessoas, de uma forma leve e descontraída, o porquê e como as coisas aconteceram. Então, nosso objetivo não é apenas dar voz às mulheres, mas também levar conhecimento ao público da nossa região sobre temas importantes a serem tratados, sempre abordando os dois lados, tanto o público feminino quanto o masculino, pois reconhecemos a importância de escutar ambos”, revelam. 

Entendendo o feminismo 

Até o momento, as colegas já publicaram sete vídeos com conteúdos diversos, explicando conceitos ainda pouco abordados – como Misoginia e Misandria, Sexismo, Patriarcado e Feminismo – além de traçar um histórico que ajuda a entender o porquê dos acontecimentos atuais. “Agora o nosso próximo assunto inclui o projeto Escola Sem Partido. Nossa ideia é poder conectar um vídeo ao outro, para uma compreensão maior. Falaremos também sobre o que são as Ondas e as Vertentes do Feminismo, para que as pessoas entendam que existem diversas linhas de se ver e seguir o feminismo, algumas radicais e outras nem tanto. Mais adiante falaremos sobre outros assuntos que estão cada vez mais presente hoje em dia, como a Masculinidade Tóxica, e também abordaremos questões sobre a Responsabilidade Afetiva. Pretendemos também problematizar alguns filmes, para falar sobre diferentes pontos de vista. Tem muita coisa interessante pela frente”, adiantam as amigas. 


Foto: Reprodução/Instragram

Resultados animadores

Com pouco mais de dois meses de atuação, o projeto As Julias já tem provocado novas e importantes reflexões acerca do assunto. “Está sendo muito gratificante saber que estamos conseguindo espalhar conhecimento e ajudar de alguma forma. As pessoas costumam nos falar que estão aprendendo com a gente, com a forma como explicamos e trazemos os assuntos, até porque na nossa região não se tem muito disso. Estamos muito felizes, pois as pessoas estão se identificando com a gente, com nossos vídeos, e muitas vezes se identificam justamente por já terem passado por algo igual ou parecido com o que relatamos”, comentam. 

Conforme as estudantes, a importância de se falar sobre o Feminismo está, principalmente, na desinformação sobre o assunto. Para elas, muitas pessoas ainda pensam que o Feminismo é, exclusivamente, um movimento radical e extremista, visando à superioridade das mulheres em relação aos homens. “Quando, na verdade, o que queremos apenas é uma igualdade de direitos e tratamento. No nosso ponto de vista, apesar de termos alguns avanços em relação aos nossos direitos, ao acolhimento da causa e à abertura para falar sobre alguns assuntos, ainda se tem muito a ser melhorado. Estamos longe de conseguir uma igualdade, fora o preconceito e assédio que, infelizmente, ainda está muito presente no nosso dia a dia”, desabafam. 

Dessa forma, o projeto surge como uma forma de disseminar conhecimento preciso sobre o assunto, a fim de conscientizar a sociedade a respeito da verdadeira importância do movimento. “Como falamos em nossos vídeos, talvez o que falte hoje em dia nas pessoas seja elas levantarem certos questionamentos sobre alguns assuntos, no sentido de entender ‘por que isso acontece?’, ‘o que podemos fazer para mudar isso?’. Tratando a causa e estudando sobre ela, ao invés de apenas apontar ou criticar, é conseguir compreender e, quem sabe, resolver o problema. Isso com certeza é algo a ser melhorado e acrescentado em nossa visão enquanto seres humanos”, finalizam. 

Conheça o projeto acessando o Instagram @asjuliass.