Estudos garantem segurança de combinação de AstraZeneca e Pfizer

Na sexta-feira, 29/10, Bento começará a aplicar a Pfizer para as pessoas vacinadas com a AstraZeneca e que estão com a segunda dose atrasada devido ao desabastecimento registrado em diversos municípios

Foto: Myke Sena/MS

Após a divulgação da permissão para aplicação da vacina da Pfizer em pessoas imunizadas com a AstraZeneca no Rio Grande do Sul, dúvidas referentes à segurança e eficácia da combinação começaram a surgir nas redes sociais. Em Bento Gonçalves, na sexta-feira, das 14h às 19h, será aplicada a Pfizer nas pessoas que receberam a primeira dose da AstraZeneca até 23 de julho. Já quarta-feira, 03/11, das 15h às 20h, o drive-thu será voltado para imunização de quem recebeu a primeira dose da AstraZeneca até 26 de julho. A vacinação será aplicada na Fundaparque.

Questionada sobre a nova medida, a secretária municipal de saúde de Bento, Tatiane Misturini Fiorio, afirma que a intercambialidade das vacinas da Pfizer e AstraZeneca é segura e já foi aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde. Em relação à eficácia, a doutora Flavia Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, em entrevista à Agência Brasil em setembro, afirmou que já existem publicações que garantem que a combinação funciona e é segura.

Mesmo assim, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atua em parceria para produção da Oxford/AstraZeneca, recomenda a intercambialidade somente “em caso de emergência”. A farmacêutica Pfizer reforçou as orientações do Ministério da Saúde sugerindo a troca em caso de falta de vacinas ou para gestantes e puérperas.

Pesquisa com a CoronaVac

A combinação de imunizantes diferentes pode ser uma estratégia para ampliar a cobertura vacinal da população no contexto de escassez de vacinas da COVID-19. Porém, os poucos que estudos que já circulam na comunidade global fazem referência, em sua maioria, à combinação das vacinas AstraZeneca e Pfizer.

Dessa forma, com o objetivo de preencher essa lacuna, a Fiocruz está realizando um estudo para avaliar os efeitos da imunização com combinações das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, que são produzidas no Brasil. O trabalho, anunciado no dia 22/10, está sendo financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e abrangerá as cinco regiões do país.

A coordenadora do projeto e pesquisadora do Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Adriana Vallochi, ressalta que a combinação de imunizantes pode gerar uma resposta imune intensa e duradoura. Porém, não é possível estabelecer protocolos de intercambialidade sem estudos que confirmem a efetividade dos esquemas vacinais. “Ainda não há dados publicados sobre a intercambialidade das vacinas CoronaVac e AstraZeneca. Os resultados do projeto devem esclarecer se os protocolos com combinação dessas vacinas induzem proteção e a duração da imunidade. Essas informações podem contribuir para o planejamento do [Programa Nacional de Imunizações] PNI, apontando esquemas mais efetivos e permitindo a substituição de vacinas caso haja falta de doses de um dos imunizantes”, destaca Adriana.