ETE do Barracão deve ficar pronta até outubro

Bento Gonçalves está prestes a dar um importante passo para, finalmente, avançar em questões de saneamento. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na bacia hidrossanitária do Barracão deve entrar em operação até outubro, possibilitando que mais de 30% dos dejetos do município recebam destinação adequada – beneficiando 15.463 habitantes de partes dos bairros Santa Marta, Santo Antão, Santa Helena, Barracão, Imigrante e Fenavinho.

Para que o serviço possa de fato estar em funcionamento, é preciso, entretanto, que a comunidade faça a ligação de suas residências à rede. Como isto implica em custos ao consumidor, a Corsan já traçou estratégias para incentivar a adesão. A partir de abril a companhia notificará os moradores dos locais onde a rede coletora passa para comparecer ao escritório e conhecer as propostas para ligação. “O usuário que estiver ligado ao esgoto pagará metade do que pagaria se não estivesse”, esclarece o gerente da unidade local da Corsan, Marciano Dal Pizzol. 

O consumidor poderá optar pelos serviços de três empresas terceirizadas, que oferecem diferentes faixas de preço e opções de parcelamento. Dal Pizzol explica se tratar de uma intervenção simples na maioria dos casos, exceto para residências abaixo do nível da rua (soleira negativa), que precisarão de uma miniestação de bombeamento para chegar à rede coletora. Haverá prazos de carência para a obra e para o início da cobrança.

“Fatalmente o usuário vai ter um custo, seja na ligação ou seja na conta. Tratar o esgoto não é barato, demanda muito produto químico e muita mão de obra. Não é só o tratamento, é toda a operação de uma rede nova”, comenta, estimando o aumento de 1/3 na demanda de serviços prestados pela companhia. Para isso, será necessário aumentar o efetivo, seja por concurso público (havia previsão de que ocorreria neste ano, entretanto pode haver entraves por ser ano eleitoral) ou terceirização. 

Burati

A previsão da Corsan é que em dois anos Bento tenha de 80% a 90% do seu esgoto tratado. Para o segundo semestre, deve ser lançada a licitação para uma outra ETE, na bacia do rio Burati. A intenção é que ela também seja pré-fabricada – o que agiliza a obra. A estação atenderá um número maior de residências, com mais capacidade de tratamento de litros por segundo, e terá algumas particularidades em relação à do Barracão. Um dos diferenciais é que não haverá separação do esgoto entre pluvial e residencial. Dal Pizzol justifica que as obras para assentamento da rede – como ocorreu na região Sul da cidade – causariam muitos transtornos, especialmente porque envolveria regiões de grande movimentação, como a área central e a Zona Norte. Optou-se, então, por este modelo misto. Também haverá necessidade de que as residências façam sua ligação à rede.

Metas atrasadas

Dal Pizzol reconhece que a realidade está muito aquém da prevista na renovação do contrato entre município e companhia em 2010 – ele estima que o percentual tratado não chegue a 1%, restrito a novos loteamentos e condomínios que possuem miniestações próprias para um pré-tratamento. De acordo com o Plano Municipal de Saneamento, elaborado na metade de 2009, Bento deveria ter 20% das residências abrangidas pelo serviço ainda em 2011, chegando a 65% em 2014. A demora para o início da construção se deu por questões de licença e pela necessidade de fazer uma nova licitação por problemas com a primeira empresa contratada. A expectativa é que, desta vez, não haja novos impasses. A ordem de serviço para a obra atual foi assinada em 28 de dezembro do ano passado. O valor é de R$ 9.267.140,00, com financiamento da Corsan por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1), obtidos ainda em 2009. A estação tem um modelo inédito no Estado por ser pré-fabricada.