“Exausta”: mãe de bebê que morreu após ser esquecido dentro de carro desabafa

“Cuidei dele com todo meu amor, carinho e dedicação. Achava que se ele estivesse bem estava tudo bem. Não ficou tudo bem porque eu não cuidei de mim”, escreveu

Foto: Arquivo pessoal

Na última quarta-feira, 13/03, um bebê de 1 ano e 7 meses morreu após ser esquecido, pela mãe, dentro de um carro, em Canoinhas, Santa Catarina. A mãe da criança, a psicóloga Tanise Maes Kucarz, compartilhou um desabado nas redes sociais após o incidente.

Na publicação, Tanise destacou a luta contra o estresse e a exaustão. Ela ainda revela que normalizar o estresse e a pressão para ser forte a impediram de reconhecer os sinais de alerta para pedir ajuda.

“Eu estava estressada. Estava me sentindo exausta e passei a normalizar o estresse. Comecei a ter pequenos lapsos de memória. Esquecer o que tinha falado e falar de novo. Esquecer onde tinha deixado alguma coisa. Às vezes me machucava e nem percebia, só via depois que estava com um roxo ou um corte, mas não conseguia lembrar onde tinha feito isso”, escreveu.

Ainda no texto, a mãe revelou o cuidado e atenção que tinha com o pequeno Lorenço.

“Cuidei dele com todo meu amor, carinho e dedicação. Achava que se ele estivesse bem estava tudo bem. Não ficou tudo bem porque eu não cuidei de mim”.

Confira o desabafo da mãe

Querida mamãe! Querido papai!

Nestes dias de tanta dor gostaria de fazer um pedido a você: Cuide de você! Permita-se descansar! Permita-se pedir ajuda!

Eu estava estressada. Estava me sentindo exausta. E passei a normalizar o estresse: “Hoje em dia todo mundo está estressado!”, “A vida é corrida mesmo!”, “Quem tem criança pequena é uma loucura mesmo!”

Acreditava que eu tinha que ser forte. Sabia que estava cansada, mas… “Eu não tenho tempo de descansar”

Pensava que era uma fase corrida da minha vida. “Quando der eu descanso”

Mas esse dia nunca chegava. E o cansaço foi aumentando. Comecei a ter pequenos lapsos de memória. Esquecer o que tinha falado e falar de novo. Esquecer onde tinha deixado alguma coisa. As vezes me machucava e nem percebia. Só via depois que estava com um roxo ou um corte, mas não conseguia lembrar onde tinha feito isso. E continuava na correria do dia a dia porque …

“Não tenho tempo pra isso!” Nunca pude imaginar que meu cansaço levaria a isso, que chegaria a esse ponto. Dediquei muito do meu tempo a cuidar do Lorenço e dos outros. Mas… “Não tenho tempo de cuidar de mim”, “Não tenho tempo de descansar “, “Quando o Lorenço crescer eu descanso, mas agora não tenho tempo”

Cuidei dele com todo meu amor, carinho e dedicação. Achava que se ele estivesse bem estava tudo bem. Não ficou tudo bem porque eu não cuidei de mim. Eu não me permiti descansar. Eu não pedi ajuda. E minha mente simplesmente desligou. Como algo que entra em curto-circuito. Como se caísse o disjuntor por excesso de carga. Uma tragédia aconteceu, meu menininho partiu para o mundo espiritual.

Meu filho não volta mais. Será pra sempre meu anjinho de luz, como eu já chamava ele. Às vezes aparentamos estar bem, mas não estamos. Então é hora de falar com os outros e pedir ajuda. Eu não posso voltar no tempo e mudar as coisas, mas o seu filho ainda está aí. Não deixe que a situação chegue ao ponto que a minha chegou. Não deixe que aconteça o pior.

Cuide de você! Permita-se descansar! Permita-se pedir ajuda! Não conseguimos cuidar dos outros se não estamos bem. Talvez você acredite que dedicar todas as suas energias a seu filho é o que basta para ele ficar bem e seguro. Eu acreditava nisso, mas não bastou.

Relembre o caso

Na quarta, 13/03, as temperaturas ultrapassaram os 30ºC na cidade de Canoinhas, em Santa Catarina.

De acordo com o Jornal Razão, a mãe relatou que sua rotina diária incluía levar o filho à creche antes de seguir para o trabalho em uma repartição pública municipal. No entanto, ao final do expediente, por volta das 17h30, a mãe dirigiu-se à creche para buscar o filho, quando foi informada pelas professoras de que a criança não havia sido deixada lá naquele dia.

Aflita, a mãe correu até o carro e encontrou o filho ainda na cadeirinha, no banco traseiro, sem vida e com sinais de insolação no rosto. O socorro foi acionado, mas, infelizmente, a criança já estava morta.

A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) de Canoinhas investigará o caso. Inicialmente, a situação está sendo apurada como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

*Com informações de SCC 10 e Jornal Razão