Na apresentação do Bento Gonçalves Futsal (BGF) para a temporada 2015, na última segunda-feira, dia 2, foi sentida a ausência do pivô Douglas Cappa (foto). Principal revelação do clube no último ano, com oito gols, alguns deles decisivos na Copa Lupicínio Rodrigues, o jogador teve a sua permanência anunciada pela direção ainda no final de 2014. O que ninguém esperava, no entanto, é que o jovem atleta de apenas 18 anos fosse convocado também para servir o 6º Batalhão de Comunicações de Bento Gonçalves (6° BCom).
Não apenas a direção do clube, mas também o secretário municipal de Esportes, Gustavo Sperotto, o presidente da Câmara de Vereadores, Valdecir Rubbo, e até mesmo o prefeito Guilherme Pasin tentaram desfazer a convocação de Cappa, mas a força-tarefa do município não convenceu o comando do 6° BCom. “Eu lembro, sem ser piegas, que o próprio Pelé serviu o exército, ficou um ano, cumpriu o serviço militar e depois se sagrou campeão mundial. Então eu não vejo nenhum problema nesse caso. Assim como eu tenho jogador de futsal, eu também tenho quatro universitários, um jogador de vôlei e tenho jovens que estão estudando. Se eu for abrir exceções para A, B ou C, a gente não conseguirá cumprir a lei, que é o serviço militar obrigatório”, justifica o comandante do 6° BCom, tenente-coronel Alexander Eduardo Vicente Ferreira, ressaltando que a contrariedade dos jovens ao serviço militar, como é o caso de Cappa, é comum no município. “O fato de não querer é uma realidade aqui de Bento Gonçalves. 50% dos jovens que estão incorporando neste ano não querem, se nós colocarmos para dentro somente os que querem, não vou conseguir montar 170, que é o meu efetivo de incorporados. Infelizmente, em Bento Gonçalves, existe uma maioria que não quer, mas tem que servir por força de lei, o serviço militar é obrigatório”, reforça.
O presidente do BGF, Alcindo Somensi, enfatiza o tamanho da perda para a equipe. “A gente lamenta bastante porque é um menino no qual apostávamos muito, no segundo semestre do ano passado ele foi o destaque do nosso time. Pela idade, apenas 18 anos, o Cappa pode ser um jogador do nível do Silon – maior artilheiro da história do clube – para cima”, afirma.
Mesmo que não haja a hipótese de que a convocação do Exército seja desfeita, o comandante do 6° BCom frisou a possibilidade de flexibilizar o tempo de serviço do atleta como soldado de forma que possa participar de jogos e até mesmo treinos do BGF. “Existe esta possibilidade sim, o comandante também não pode ser austero a ponto de impedir um dom que o jovem possui e até um benefício para o nosso município, que é integrar a nossa equipe de futsal. Todas as vezes que o jovem tiver que participar de uma competição, basta o time me mandar um ofício ou até mesmo me telefonar, que eu flexibilizo e libero o soldado Douglas para participar de um jogo ou fazer um treinamento”, conclui.
Conforme o presidente do BGF, a forma como poderá ocorrer essa flexibilização está sendo analisada. Ainda que o desejo é de que o atleta tenha continuidade no clube, a direção frisou que, para jogar, o pivô também precisará acompanhar a preparação e evolução técnica e tática dos demais jogadores.
Reportagem: João Paulo Mileski
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