Faixa seletiva: projeto será ampliado em março

Apesar de os primeiros dias de funcionamento da faixa seletiva para o transporte coletivo na rua Barão do Rio Branco ainda despertarem dúvidas e resistência, principalmente por parte de comerciantes que se queixam da retirada de vagas de estacionamento, a secretaria de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana projeta ainda para março a expansão do sistema. Até o dia 31 deste mês, a pista exclusiva para ônibus e táxis será implantada na Júlio de Castilhos, no trecho entre as ruas 13 de Maio e Ramiro Barcelos.

O modelo da rua Júlio de Castilhos seguirá o mesmo aplicado na rua Barão do Rio Branco, com restrição entre as 6h e 19h, de segunda a sexta-feira, e exigirá a retirada da Zona Azul no lado direito da via, ao longo de aproximadamente 250 metros. No horário inverso, das 19h às 6h, será permitida a carga e descarga e o estacionamento em áreas anteriormente já liberadas. A instalação da faixa também implicará na realocação de um ponto de táxi e de uma banca de camelô. 

A remoção da última parada, que fica na quadra seguinte, entre a Ramiro Barcelos e a Marechal Deodoro, também é estudada. “A ideia inicial era essa, mas ainda não está definido. Nós dependemos, principalmente, da retomada das obras no quadrilátero central”, afirma o secretário Mauro Moro. As intervenções, que incluem, por exemplo, o alargamento de calçadas, terão que passar por novas licitações, já que as três empresas contratadas ainda no governo anterior desistiram da renovação de contrato. “Nossa intenção é lançar os novos editais em breve. Agora, estamos na fase de complementação dos projetos e revisão das planilhas de orçamento”, completa Moro.


Conversões à direita

A primeira semana de utilização da faixa seletiva na Barão do Rio Branco gerou algumas dúvidas para os motoristas, apesar de não apresentar problemas maiores. A principal dificuldade verificada foi sobre as conversões à direita, para acessar ruas como a Dr. Montaury e a Cândido Costa, ou entradas de garagens no trecho em que há a pista exclusiva. Nestes casos, a prefeitura orienta que os condutores devem ingressar na faixa do transporte coletivo nos últimos 15 metros da pista, onde há tachões mais espaçados e a pintura não contínua no asfalto (detalhes abaixo). Placas aéreas serão instaladas no trecho informando essa possibilidade.


Até o terminal

Nesta semana, o prefeito Guilherme Pasin determinou à secretaria de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana que avalie a retirada de estacionamentos em mais uma área da Barão do Rio Branco, entre as ruas Cândido Costa e Félix da Cunha. Assim, a faixa seletiva no local pode ser prolongada em 200 metros já nos próximos dias, até o terminal da praça Centenário e acabar com o afunilamento que ocorre no fim da pista do transporte coletivo. A ação depende apenas de um estudo de recolocação das vagas da Zona Azul.

Inicialmente prevista para funcionar até as 23h, a faixa teve seu horário reduzido em função do menor fluxo de coletivos à noite. “Nós trabalhamos com uma média de 25 a 30 ônibus por hora. Em alguns momentos, chegou a 42. Mas, a partir das 19h, os dados técnicos nos mostram que esse índice reduz”, conclui Moro.

Restrições e permissões

Em seu artigo 184, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina como infração leve transitar com o veículo “na faixa ou pista da direita, regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à direita. A penalidade prevista em lei é multa de R$ 53,20 e a perda de 3 pontos na Carteira Nacional de Habilitação. A exceção fica para o tráfego de veículos de emergência, como ambulâncias, que têm passagem liberada, ou nos casos de conversões para adentrar ruas ou garagens à direita. Nessas últimas situações, os condutores devem ingressar na faixa do transporte coletivo nos últimos 15 metros da pista.

 “O comércio está ferido de morte”, diz dono de mercado na Barão do Rio Branco

A contrariedade de comerciantes ao projeto para o transporte coletivo, noticiada pelo SERRANOSSA na edição de 17 de janeiro, ganhou força alguns dias antes da entrada em funcionamento do projeto e se intensificou nesta semana. Um grupo de lojistas do Centro chegou a encaminhar ao Ministério Público (MP), no último dia 6, um parecer jurídico contestando os dados técnicos que, segundo a prefeitura, justificam a criação da faixa seletiva. Na terça-feira, 11, após um dia de funcionamento, as placas identificando a área restrita para o tráfego de ônibus e táxis foram arrancadas, mas a autoria do vandalismo não foi identificada.

Para Lucimar Grecchi, dono de um supermercado no trecho, a criação da faixa seletiva “aniquila” os negócios e pode começar a trazer reflexos no faturamento das empresas. “O comércio está ferido de morte, abatido. O fluxo já caiu pela metade e vamos começar a ter demissões”, afirma o proprietário. 

Além dos alegados prejuízos nas vendas, Grecchi diz que o intervalo estabelecido para carga e descarga, entre as 19h e 6h, também tem afetado a rotina e complicado o trabalho diário. “No nosso caso, por exemplo, o mercado fica aberto até as 22h, mas o pessoal da entrega não trabalha até esse horário. Estamos aqui, mas os nossos fornecedores não vêm tarde assim. Pelo jeito, nosso caminho será nos apequenarmos cada vez mais, até morrer”, finaliza.

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