Falha sexual: psicóloga explica quando é preciso procurar ajuda

Por Jaqueline Barretti
 

Uma das características da problemática sexual é que ela é universal, ou seja, acontece em todas as classes sociais, níveis culturais e com pessoas casadas ou solteiras. Não há quem possa afirmar que está totalmente livre de uma disfunção sexual em alguma fase da vida.

Por muito tempo, ela foi considerada como uma daquelas “doenças das quais se padecia em segredo”. De modo geral, as pessoas acreditam que procurar ajuda significa admitir ser incompetente para resolver problemas, principalmente se for diagnosticada uma causa não orgânica, ou seja, “psicológica”. As pessoas parecem não acreditar que seja possível e sempre querem encontrar uma taxa hormonal mais baixa ou uma dor qualquer que possa justificar o fato. 

Enquanto terapeuta sexual, eu me defronto com muitos questionamentos dos meus clientes. As disfunções sexuais mais relatadas em consultório são a ausência ou excesso de desejo sexual, a falta de excitação (ereção para os homens e lubrificação para as mulheres), ejaculação precoce e dificuldade de alcançar o orgasmo. Além desses problemas, é comum casais se queixarem sobre a frequência (quando um tem mais vontade do que o outro), sobre o tipo de atividade (sexo oral e anal, por exemplo) e insatisfação com a qualidade das relações.

O problema sexual precisa ser compreendido, tanto por eles quanto por elas, para que seja solucionado totalmente e sirva como aprendizado para o restante da vida. A boa notícia é que existe tratamento para essas dificuldades: a terapia sexual. Pouco divulgada e ainda vista com receio, a técnica ajuda as pessoas a desfrutarem de uma vida sexual mais plena.

A terapia sexual consiste em uma técnica valiosa para conhecer a si mesmo. Muitas pessoas que se julgavam “boas de cama”, depois de terem se submetido a esse tipo de terapia, admitiram que pouco sabiam a respeito da própria sexualidade. Outras que se consideravam “casos perdidos”, descobriram que ainda podem sentir e proporcionar muito prazer.

Um exemplo é o casal que pretende superar a ejaculação precoce para que a mulher também possa desenvolver a capacidade de ter orgasmos. Quando as pessoas não conseguem falar do que sentem, elas se frustram com facilidade frente ao problema e a mesma dificuldade em expressar-se faz com que sintam mais e mais emoções negativas, raiva e angústia. 

Silenciar em vez de enfrentar as situações que nos preocupam só leva a uma solução aparente, evitando o conflito imediato. Mas o problema não está resolvido, apenas passou a fazer parte do pacote de situações não resolvidas. Mais cedo ou mais tarde e, no momento em que menos se espera, ressurgirá.

O mais importante é começar o processo: aprender a falar a respeito do problema entre o casal. Depois, a solução virá. Muitas das disfunções sexuais associam-se diretamente à maneira como os dois se relacionam. Mesmo que seja necessária ajuda profissional, o problema será superado, mas não antes de os dois conversarem francamente sobre o assunto.