Falta de vagas na Educação Infantil: problema que ainda persiste

Atualmente, 435 crianças de zero a três anos aguardam na fila de espera por uma vaga na Educação Infantil. A lista de excedentes é um problema antigo, mas que ainda parece longe de ter uma solução. “É o maior número que já tivemos”, destaca a secretária de educação, Iraci Luchese Vasques. 

A explicação para o aumento, segundo ela, é número de migrantes que chegam a Bento Gonçalves. Anteriormente, a média era de cinco a seis famílias por semana; agora são de sete a oito. “Temos uma procura diária por vagas em creche. As escolas estão com sua capacidade total neste período do ano. Só estamos atendendo quando ocorrem desistências ou transferências”, acrescenta. A orientação é que a inscrição seja feita novamente quando reabrir o cadastro, previsto para novembro deste ano.

Além do atendimento nas escolas da rede municipal, a prefeitura abriu no início do ano chamamento para a aquisição de 500 vagas para berçário e maternal na rede particular, medida que há anos vem sendo adotada para tentar acomodar a demanda. “Sabemos que a educação é direito de todos, mas precisamos criar regras para oportunizar para famílias que têm menos condições”, pontua a secretária.

Além de os pais estarem empregados, é levada em conta a renda per capita, através de apresentação de documentação comprobatória. A busca é sempre por um local o mais próximo possível da residência, ou, em alguns casos, do trabalho de um dos responsáveis.

Problema para as famílias

Mas e o que fazer quando não se consegue uma vaga? “As famílias devem gerenciar de que forma poderão fazer, pois Bento Gonçalves já superou a meta do Plano Nacional de Educação, que prevê o atendimento da demanda em até 50% até 2014 e nós já atendemos 83% da procura”, justifica Iraci. Na prática, entretanto, com quem deixar os filhos quando acaba a licença-maternidade é um grande problema para muitas famílias.

Emendar o benefício com a antecipação das férias foi uma das saídas encontradas pela mãe de uma menina de quatro meses que prefere não ser identificada. Moradora do bairro São João e auxiliar de produção em uma empresa no bairro Aparecida, ela conseguiu ampliar em 20 dias a tentativa de conseguir uma vaga, jornada que iniciou já na semana seguinte ao nascimento da filha. Com o prazo chegando ao fim – ela retorna ao serviço no início do próximo mês –, a alternativa será contar com a ajuda de uma vizinha, que se dispôs a ficar com a criança apesar das limitações por conta de problemas na coluna. “É difícil conseguir alguém que queira cuidar de um bebê de quatro meses, é bastante responsabilidade”, observa a mãe. 

Porém, nem todas as famílias possuem parentes ou conhecidos que se disponham a fazer o mesmo. Nesses casos, a alternativa pesa no bolso. Um casal morador do bairro Progresso, que trabalha como auxiliar de produção no bairro São Roque, teve que matricular o filho de quatro meses em uma creche particular. A 

escolha foi por uma mais próxima ao trabalho dos pais. A mensalidade custará cerca de 80% do salário da mãe, que não sabe como fará para dar conta das despesas apenas com o que o marido ganha. “Vou trabalhar praticamente só para pagar a creche”, lamenta ela, que tem outro filho de 13 anos. 

Novas escolas

Ainda em 2014 foi iniciada a construção de duas novas Escolas Municipais Infantis, nos loteamentos Bertolini e Santa Fé. A capacidade é de 120 crianças em cada uma delas. Conforme a prefeitura, as obras estão em fase final e elas devem estar funcionando já no próximo ano. “Apesar de termos uma lista de excedentes, estamos satisfeitos com o atendimento que prestamos. Estamos sempre procurando aprimorar este atendimento com formações e projetos que acrescentem no trabalho pedagógico, alimentação balanceada e saudável, espaços físicos organizados, tudo isso visando a qualidade que se oferece na Educação Infantil”, conclui a secretária.