Faltou diálogo com a sociedade e entidades, diz profissional de trânsito sobre mudanças no Centro

Advogado representante da OAB de Bento no Conselho Municipal de Trânsito, Ailor Carlos Brandelli, avalia que alterações têm prejudicado fluidez no trânsito e afirma ser relevante a apresentação de um estudo prévio para justificar as mudanças

Registro feito na rua Marechal Deodoro, no Centro. Foto: Eduarda Bucco

Desde o último domingo, 10/10, o trânsito no centro de Bento Gonçalves sofreu alterações importantes, que têm dividido opiniões. Para um motorista de aplicativo, por exemplo, todas as mudanças que visem soluções para o congestionamento recorrente na área central, principalmente em horários de pico, são positivas. Entretanto, apesar da administração pública defender que as mudanças foram pensadas para desafogar o trânsito no local, algumas pessoas já percebem outros problemas que as medidas estariam causando. Para o advogado Ailor Carlos Brandelli, representante da OAB/RS – Subseção de Bento Gonçalves no Conselho Municipal de Trânsito e professor dos cursos de extensão na área de trânsito da Universidade de Caxias do Sul (UCS), as alterações implicaram “em significativo impacto aos usuários das vias centrais”.

Um dos pontos criticados pelo advogado é a retirada da faixa exclusiva para ônibus na rua Barão do Rio Branco. Em sua opinião, o recurso “além de agilizar o transporte público, se demonstrava crucial para o deslocamento de veículos de emergência ou de autoridades policiais, em especial nos momentos de maior congestionamento das vias”, pontua.

Já as inversões de sentido das ruas Doutor Montaury e Doutor Antunes, Brandelli comenta que, em uma primeira avaliação, estariam “prejudicando a fluidez do trânsito”. “A rua Dr. Montaury, que antes era importante para o deslocamento oeste/leste, e para aqueles que, partindo da Cidade Alta, poderiam acessar bairros como Humaitá, Borgo e São Francisco, com a nova inversão de sentido, faz com que os motoristas tenham que se deslocar até a rua Dr. Antunes para fazê-lo. Por vezes, é impossível fazer a conversão à esquerda no curto trecho da rua Barão do Rio Branco destinado a essa manobra”, analisa. Já ao chegar à Doutor Antunes, o advogado comenta que os condutores vêm enfrentando o fluxo sobrecarregado dos veículos que transitam pela principal via do Centro, a Marechal Deodoro, “tornando-se uma odisseia essa travessia”.

Registro da rua Doutor Montaury. Foto: Eduarda Bucco

Na visão de Brandelli, a prefeitura deveria ter apresentado um estudo prévio à comunidade e entidades e oportunizado um amplo debate. “Atendendo aos princípios constitucionais da legalidade e motivação, o Poder Público deve ter os estudos e projetos que justificam a alteração proposta, além de instrumentos hábeis que possam ser propiciados aos veículos de emergência e policiamento, mitigando os efeitos de tal mudança”, comenta. Dessa forma, afirma ser relevante que esses estudos ainda sejam apresentados à comunidade. “As alterações propostas deveriam premiar a proteção da incolumidade física dos transeuntes, além de propiciar maior mobilidade, redução do impacto viário e também, terem sido motivadas por um estudo prévio e conclusivo. Resta-nos esperar que o Poder Público tenha todos esses elementos e se disponha a apresentá-los aos cidadãos”, conclui.