Farroupilha imuniza pré-adolescentes contra HPV

“Hoje, praticamente toda a população mundial sexualmente ativa possui algum tipo de HPV”, afirma o prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves. Ginecologista por formação, ele é o mentor da campanha municipal de vacinação de pré-adolescentes contra o HPV, iniciada nesta semana em uma ação inédita no Brasil. Serão vacinados meninos e meninas com idade entre 12 e 13 anos.  

A iniciativa é pioneira no país pelo fato de incluir meninos no quadro de imunização, já que é atribuído a eles o papel de vetores da doença. A vacinação de meninas já é bastante difundida como forma de prevenir, principalmente, o câncer de colo de útero, terceira neoplasia mais frequente no país, depois dos cânceres de pele e de mama. 

O prefeito diz que nos últimos anos observou maior incidência da doença entre adolescentes. “O Sistema Único de Saúde (SUS) diagnostica, em Farroupilha, mais de 100 novos casos de HPV com verruga ao ano, quatro casos de câncer de colo de útero e dentre eles, um óbito. Isso só na rede pública, sem contar os casos descobertos por médicos particulares”, detalha. 

De acordo com Gonçalves, existem, atualmente, 110 tipos diferentes de HPV, alguns deles causadores de câncer. A vacina utilizada na campanha combate variações específicas: imuniza 90% dos casos responsáveis pelo aparecimento de verrugas, 70% dos casos de câncer de útero, 80% de câncer retal, 60% de câncer de orofaringe e 90% contra câncer de glande. 

A realização da campanha é da prefeitura de Farroupilha em parceria com a Associação Pró-Saúde e é custeada com verba do governo federal.

Situação em Bento

Segundo o Setor de Vigilância Epidemiológica da secretaria municipal de Saúde de Bento Gonçalves, há uma promessa para a realização de uma campanha local nos moldes de Farroupilha, entretanto, ainda não há previsão de início. Estatística levantada pelo setor aponta diminuição nos casos diagnosticados no município pelo SUS. Para o coordenador, José Antônio da Rosa, os números não correspondem fielmente ao quadro de infectados, uma vez que somente as mulheres são examinadas rotineiramente. “Cerca de 96% dos casos descobertos são femininos, já que uma das formas de diagnóstico é através do exame papanicolau. Normalmente, os homens são diagnosticados quando a parceira apresenta a doença ou quando aparecem verrugas no pênis”, explica.


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Qual é a relação entre HPV e câncer?

A infecção pelo HPV é muito frequente, mas transitória, regrendido espontaneamente na maioria das vezes. No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.

Quais são os tipos de HPV que podem causar câncer?

Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. Dentre os HPVs de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Já os HPVs 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos.

Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do útero?

Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

Além da infecção pelo HPV, há outros fatores que aumentam o risco de uma mulher desenvolver câncer do colo do útero?

Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. Desta forma, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada por infecção por HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.

Quais são as manifestações da infecção pelo HPV?

Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverá alguma forma de manifestação. A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica. As chamadas lesões clínicas se apresentam como verrugas, têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres, podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens, podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos. As infecções subclínicas (invisíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é raro.

Qual o tratamento para a infecção pelo HPV?

Não há como eliminar o vírus. No tratamento podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.

As lesões de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição do exame preventivo em seis meses.

Como homens e mulheres, independente da orientação sexual, podem se prevenir dos HPVs?

Apesar de sempre recomendado, o uso de preservativo (camisinha) durante todo contato sexual, com ou sem penetração, não protege totalmente da infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de serem infectadas. Na presença de infecção na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.

Quais as vacinas contra o HPV?

Existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que estão comercialmente disponíveis: a vacina quadrivalente, que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina bivalente, que protege contra os tipos 16 e 18.

 

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

Reportagem: Priscila Boeira


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