Fenavinho: dívidas ultrapassam R$ 1 milhão

Acompanhados por seus advogados, os ex-presidentes da Fenavinho Tarcísio Michelon (edições 2007 e 2009) e João Strapazzon (2011) deram seu depoimento na manhã da última terça-feira, dia 12, para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a situação financeira da feira. A sessão durou quatro horas e meia e trouxe cifras assustadoras, que superam a casa de R$ 1 milhão em contas não quitadas. 

O primeiro a depor foi Michelon, que esclareceu aos vereadores que a dívida da feira na sua gestão totaliza R$ 138.650,48.  “Houve um acidente de percurso. Em virtude da crise que assolou o país em 2008, empresas como Petrobras e Bradesco diminuíram a verba destinada à Fenavinho”, destacou. Afirmou também que a comunidade pedia uma prestação de contas quando não era possível, pois na época ainda possuía valores a pagar e a receber. O auxílio estadual foi publicado apenas no último dia da festa. Ele disse ter renegociado e pagado contas que herdou de outras administrações, na ordem de R$ 700 mil. Michelon se disse surpreso com a convocação para depor na Câmara, pois já havia feito prestação de contas em duas oportunidades. 

Questionado sobre os motivos das dívidas, ele chegou a dizer que “forças estranhas” atrapalharam o seu trabalho. Com a fala pausada, ele detalhou que essas “forças” são covardes e não se revelam, mas que estão sendo vencidas aos poucos. Michelon definiu os débitos deixados na sua gestão como sendo irrisórios. “O que está agitando a comunidade não é proveniente de 2009. Com certeza essa CPI vai contribuir com a feira”, declarou. Ele também afirmou que vai continuar trabalhando pela comunidade, mesmo com o desconforto sofrido. Sempre calmo e contido, Michelon disse se sentir completamente à vontade no plenário. “Continuarei ao lado da Fenavinho até que ela possa se recuperar. Não sou um empresário elitista. A honra de um homem deve ser mantida a qualquer preço e hoje foi uma oportunidade de lavar a minha”, enfatizou.  

A versão de Strapazzon

Após dez minutos de recesso, às 11h15 foi a vez do ex-presidente João Strapazzon ser ouvido. Ele atribuiu a dívida de R$ 1.062.699,74 – já computados os débitos de edições anteriores – à falta de auxílios públicos.

“Tínhamos a verba da União de R$ 1.562.942,28 aprovada, porém, devido à troca de governo e ministros, ela não foi publicada em tempo hábil no Diário Oficial da União e não a recebemos. Também houve redução do repasse municipal”, destacou Strapazzon. Segundo ele, caso esses valores, que já estavam aprovados, tivessem sido liberados, a feira apresentaria um superávit de R$ 350 a 400 mil. Outro fator que contribuiu para a diminuição da arrecadação de valores para a festa foi a distribuição gratuita de ingressos e os dois finais de semana a menos de realização. “Agora é preciso fazer eventos para buscar receita e ir pagando, aos poucos, os credores. Quando o [Tarcísio] Michelon assumiu a festa, havia R$ 700 mil em débitos. Agora cabe à próxima gestão saldar o prejuízo deixado”, acrescentou.

Ânimos exaltados

Para João Strapazzon, a prestação pública de contas foi desnecessária, uma vez que a feira é privada e as declarações sobre o uso dos recursos públicos já foram feitas. Ele salientou que o pedido de explicações danifica a imagem da Fenavinho Brasil. Com os questionamentos do vereador Moacir Camerini (PT), os ânimos se exaltaram. O parlamentar cobrou mais detalhamento das dívidas e a lista dos funcionários.

Camerini chegou a contestar a legalidade da contratação da empresa que prestou serviços contábeis à feira, a Real Assessoria Empresarial, já que seu proprietário é o ex-vice-presidente de Gestão da Fenavinho 2011 e atual secretário de Finanças, Marcos Fracalossi. Strapazzon declarou que a empresa trabalha para a festa desde 2005. “Não houve falha na gestão, pelo contrário, foi preciso fazer malabarismo para gerir o evento”, defendeu-se. Camerini insistiu,  afirmando que o balancete apresentado pela empresa contábil não fecha com o demonstrado na sessão.

O vereador Vanderlei Santos (PP) ressaltou a preocupação em relação às consequências negativas da investigação para marca Fenavinho e às “forças estranhas” citadas por Michelon. Ele apresentou requerimento cujo teor afirmava que os dados apresentados já eram suficientes para o foco da CPI e pedia para que as oitivas previstas para o resto da semana fossem suspensas. Jocelito Leonardo Tonietto (PDT) sugeriu que Strapazzon faça uma parceria com a prefeitura para pagar os credores. Gilmar Pessutto (PSDB) também relatou que as declarações foram suficientes. A suspensão da oitiva de outros membros da diretoria da feira em 2011 foi aprovada pelos parlamentares. 

Strapazzon continua frente à Fenavinho até agosto de 2014 e, para a próxima edição, prometeu buscar recursos antecipados. A próxima sessão da CPI ficou agendada para a quinta-feira, dia 21.

Reportagem: Elisa Rossi Kemmer


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também