Filhos: quem deve educar?
Mariana acaba de nascer. Pesando 3,5 kg e saudável, faz, por um momento, com que seus pais se esqueçam das preocupações com as manobras que precisarão fazer para conciliar educação e trabalho.
Mesmo fictícia, essa história é parecida com a de muitas famílias. Em uma sociedade cada vez mais distante da educação familiar em tempo integral, a escola assume papel determinante no processo. Esse desafio foi explorado pela pedagoga analista na Gerência de Educação e Ação Social do Serviço Social do Comércio (Sesc/RS), Larisa Bandeira, durante o Congresso Nacional de Educação, realizado no CTG Laço Velho nos dias 15 e 16 de julho.
“Estamos lidando com uma geração de futuros adultos que crescerão longe de seus pais, sempre muito ocupados com o trabalho e distantes do processo de aprendizagem e educação de seus filhos”, analisou a pedagoga, frente a uma plateia de 1,4 mil professores e profissionais ligados ao magistério.
Terceirização
No livro “A criança terceirizada”, o pediatra José Martins Filho explana a situação do abandono infantil silencioso e disfarçado: na maior parte do tempo a educação é delegada às babás, creches e “escolinhas”. Dessa forma, o vínculo entre pais e filhos não se fortalece, quebrando o processo de assimilação entre direitos, deveres e respeito. Por sentirem culpa, quando ficam junto da criança, os pais tentam compensá-la dizendo sim a tudo. Quando a criança começa a desobedecer, gritam e castigam, depois se arrependem e voltam a permitir regalias. Para Martins Filho, essa gangorra emocional favorece a formação de adultos que se julgam onipotentes.
A responsabilidade por esses pequenos sem limites cai sobre os ombros dos professores. Larisa avalia a condensação de educação e ensino como o maior desafio da escola atual. “Os pais ultrapassam os limites de seus filhos e querem que eles tenham o discernimento de entenderem sozinhos o que isso significa. Para impor limites, família e escola também precisam ouvir o que eles têm a dizer”, analisa.
Sob o ponto de vista da pedagoga, a antiga diferenciação entre o papel da família e da escola nos processos de educação e ensino já não existe mais. “A educação começa em casa e é prolongada pela escola. Nas instituições de ensino integral, as crianças passam mais tempo nesse ambiente do que com os pais. Se os alunos estão sem limites, a culpa também é do professor”, reflete.
Reflexo
A qualidade de vida dos educadores também entrou na pauta. Larisa falou sobre a importância dos professores gostarem do que fazem para tornar o ambiente de trabalho harmonioso. “A escola é a vida de vocês. É lá que passam a maior parte do tempo. A escola somente será boa para os alunos se ela for, primeiramente, para os professores”, constata.
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