Finados: um dia para resgatar memórias
A próxima quarta-feira, dia 2, será de homenagens para aqueles que já partiram. O Dia de Finados é um momento de reflexão, no qual é possível expressar a dor da perda e da saudade. “É um dia para resgatar essas memórias e mantê-las aquecidas no coração como forma de dar continuidade à vida, aprendendo a amar em uma nova dimensão de espaço e tempo”, explica a psicóloga Franciele Sassi, especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Situações de Luto e Perdas.
Em entrevista ao SERRANOSSA, ela fala sobre a importância da data e aborda também o processo de elaboração do luto. Além dos atendimentos em consultório, Franciele também coordena em Bento Gonçalves o Grupo de Apoio ao Luto, um espaço que há seis meses destina-se à troca de experiência entre os que tentam superar a dor da perda.
SERRANOSSA – Qual a importância de uma data como o Dia dos Finados no processo do luto?
Franciele Sassi – Vivemos diariamente correndo, naquela condição aprendida socialmente de que a vida tem que seguir, mesmo diante de um grande caos. Se não nos é permitido chorar por quem amamos quando nos deparamos com uma perda por morte ou mesmo quando atravessamos uma importante mudança em nossas vidas devido a outros tipos de perda, o Dia de Finados acaba constituindo uma data importante no que se refere a um momento de reflexão sobre todos os que partiram. Trata-se de um espaço publicamente reconhecido para a expressão da dor da perda, da saudade – é um momento mais confortável, se assim podemos dizer, para expressar as dores silenciadas (e muitas vezes proibidas em outros momentos da vida), tendo a possibilidade de contar com o apoio de uma rede de suporte constituída por familiares, amigos e outras pessoas próximas.
SN – Essa pode ser considerada uma época difícil para quem enfrenta dificuldades para assimilar as perdas?
Franciele – Finados é uma data especialmente dedicada a lembrarmos das pessoas que amamos e das quais sentimos saudade. É natural que os dias que a antecedem possam deixar algumas pessoas mais mobilizadas, sobretudo aquelas que estarão vivenciando esse dia pela primeira vez. Contudo, Finados não se refere apenas à morte. Trata, acima de tudo, da importância da vida. Se a mensagem do Dia de Finados está em homenagear as pessoas queridas que partiram, isso significa que a importância destas pessoas está nas boas recordações e legados deixados por elas. Portanto, também é um dia para resgatar essas memórias e mantê-las aquecidas no coração como forma de dar continuidade à vida, aprendendo a amar em uma nova dimensão de espaço e tempo.
SN – De que forma as pessoas podem elaborar melhor o processo do luto?
Franciele – Dando-se conta do quanto a vida é frágil e, justamente por isso, preciosa. Ao enlutado, reconhecer e validar o quanto uma perda é difícil é o primeiro passo para atravessar a experiência do luto, assim com o permitir-se pensar sobre todas as mudanças que aconteceram e que ainda virão a partir da perda: o sentir, o chorar, sentir raiva, se necessário. Quanto às pessoas próximas ao enlutado, suportar, tolerar que ele expresse sua dor da forma como ela se manifestar, sobretudo nos primeiros períodos de tempo. É muito importante que quem esteja atravessando o processo de luto tenha pessoas amigas para contar, que sejam pacientes e estejam dispostas a escutar. A escuta interessada de uma rede de apoio segura é mais benéfica que conselhos que partem de uma experiência individual e que talvez não façam sentido para a pessoa enlutada. Acolher e estar junto, mesmo em silêncio, é a melhor forma de ajudar e ser ajudado.
SN – Quais sinais indicam que ela deve procurar ajuda de um profissional?
Franciele – Luto constitui um conjunto natural de reações e sintomas. Portanto, é um caminho natural e esperado que as pessoas atravessem diante de uma perda por morte ou outra importante mudança em suas vidas. Nem todo o processo de luto precisa de auxílio profissional, nem medicação. Em alguns casos, um aconselhamento psicológico é suficiente para o fornecimento de orientações. Um acompanhamento que disponha de um tempo maior é indicado quando a rotina da pessoa enlutada modifica de tal forma que faça com que ela se deprima e abandone todos os seus antigos costumes que antes lhe faziam bem, ou, contrariamente, se a pessoa faz tentativas de viver como se nada tivesse acontecido; quando a pessoa começa a apresentar sintomas no corpo, que tenham começado a aparecer depois da perda; quando a pessoa se isola, não quer falar sobre o assunto e se sente perturbada toda vez que se tente falar sobre ele; quando a pessoa enlutada não consegue mais fazer planos para o futuro; quando se sente enferma ou alguma pessoa próxima perceba a aquisição de alguma enfermidade; quando a pessoa enlutada vem apresentando outras dificuldades de adaptação de vida ou quando a recuperação da autoestima passa a ser custosa, entre outros fatores.
SN – A morte ainda é considerada um tabu? Por quê?
Franciele – Em meio a uma sociedade que preza pela produção, utilidade, controle e potência, falar sobre morte acaba sendo um desafio, justamente porque trata da maior das "castrações", tanto em nível individual quanto social. A temática da morte fala sobre a imprevisibilidade e impotência humanas. Essa sociedade que cultua o viver eterno, manobrando a morte por meio de diferentes técnicas, não se dá conta de que o perigo sempre mora onde existe a naturalidade das pessoas diante dos riscos iminentes. Isso justifica a dificuldade de alguns em acreditar que um acidente ou uma doença, por exemplo, tenham acontecido consigo mesmos ou com familiares (a gente sempre acha que acontece com os outros e que estamos sempre distantes disso). Enquanto a gente tende a afastar do pensamento as possibilidades que nos colocam frente ao fim da vida, o processo de luto carece de naturalização e, por isso, muitas complicações acabam surgindo a partir da não permissão para falar sobre morte e luto, que continua sendo tabu. Outro risco que se corre é a naturalização do tema. Por se tratar de um tema novo, as pessoas sentem curiosidade, ao passo que muitos profissionais sem preparação acabam trazendo à tona esta abordagem de forma inadequada e incoerente, o que acaba dificultando ainda mais o acesso saudável às informações disponibilizadas.
Missas de Finados e Feira das Flores
Paróquia Santo Antônio (2/11)
8h30 – Cemitério Público Municipal Central
10h – Cemitério Público Municipal Central
10h – São Pedro/Salgado
10h – Imaculada Conceição (Barracão)
15h – Divino Espírito Santo (Burati)
15h – Santo Antoninho
16h30 – São Miguel
16h30 – Santíssima Trindade (Zemith)
17h – Cemitério Público Municipal Central
18h – Santuário Santo Antônio
Paróquia Cristo Rei (2/11)
8h – Cemitério São José (Sertorina)
8h30 – Cemitério Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Vinosul)
9h15 – Cemitério Nossa Senhora de Caravaggio (Tamandaré)
10h – Cemitério Santo Antão
10h30 – Cemitério Parque
15h – Cemitério São José (Garibaldina)
15h – Cemitério Nossa Senhora da Glória
16h30 – Cemitério Nossa Senhora das Neves
16h30 – Cemitério Nossa Senhora das Graças
18h – Cemitério São Pedro
18h – Cemitério Santo Antão
Paróquias São Roque e Nossa Senhora do Rosário (Faria Lemos)
1º/11
16h – São Luís (Faria Lemos)
16h – Nossa Senhora da Natividade
17h30 – São José
17h30 – São Gotardo
18h30 – São Valentim 96
18h30 – São Pedro 71
2/11
8h30 – Nossa Senhora do Rosário (Faria Lemos)
9h – São Roque
10h – Santo Antônio (Linha Alcântara)
10h15 – São Valentim
16h30 – São Paulo (Linha Paulina)
17h30 – Nossa Senhora das Dores (Tuiuty)
17h30 – Santa Eulália
18h30 – São Roque
18h30 – São Valentim (Vale Aurora)
Feira das flores
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Agricultura promove na próxima terça-feira, dia 1º, mais uma tradicional Feira das Flores. A comercialização das espécies será realizada das 6h às 12h (ou enquanto durarem os estoques), na Casa Del Vino e arredores, na Via Del Vino. Participarão seis produtores com variedades como sempre-viva, copo de leite, mosquitinho, verde, trigo, palma, cravo, boca-de-leão, helicônea, bromélia, rosa e flores sortidas. Os valores dos molhos variam de R$ 3 a R$ 6, dependendo da variedade, e algumas flores serão comercializadas em dúzia ou por unidade. A dúzia do copo de leite, por exemplo, será vendida por R$ 5, ao passo que a unidade da palma custará R$ 3; da helicônea, R$ 6; e da bromélia, R$ 5.