Finanças: desvio é menor que o divulgado

Prestes a completar dois meses, a força-tarefa formada para por em ordem as contas do município após o estouro da crise nas finanças começa a confirmar informações que antes estavam no campo das especulações. E uma das grandes questões relacionadas ao caso – quanto, afinal, foi desviado da prefeitura? – ganhou nesta semana uma resposta oficial: segundo a secretária municipal interina das Finanças, Simone Azevedo Dias, a contadora exonerada Luana Della Valle Marcon teria supostamente desviado cerca de R$ 350 mil das contas do município. 

O valor é menor do que o especulado anteriormente, o que é uma boa notícia: a estimativa inicial dentro da prefeitura era de que os desvios tivessem alcançado R$ 421 mil. Nesta entrevista exclusiva ao SERRANOSSA, a secretária Simone faz uma avaliação da situação financeira de Bento Gonçalves e da auditoria realizada nas contas da prefeitura, confirma o valor dos desvios e responde aos comentários do ex-secretário de Finanças Olívio Barcelos de Menezes sobre a gestão da crise feitos na CPI da Câmara de Vereadores.

SERRANOSSA: No início do trabalho da força-tarefa foi divulgado que a insuficiência financeira de Bento Gonçalves beirava os R$ 36 milhões. Passados quase dois meses, houve alguma alteração nesta estimativa?

Simone Azevedo Dias: A insuficiência financeira de R$ 36 milhões existiu sim. Porém, a efetivação do estorno dos empenhos das obras e de outros contratos auxiliou na recaptação dos números para se reorganizar as dotações orçamentárias, as quais foram alteradas pelo ex-secretário de Finanças de tal forma que, ainda que entrem recursos por meio dos repasses da União e do Estado, visto que não dispomos mais de recursos próprios do município, não há como utilizá-los para qualquer pagamento, nem para a folha dos servidores, para a CCS ou para o lixo. 

SERRANOSSA: Há alguma novidade em relação ao levantamento dos valores supostamente desviados pela contadora Luana Della Valle Marcon? A última informação é que teriam sido R$ 421 mil…

Simone: Sim, devido provavelmente à falta de tempo da Luana em efetivar a exclusão de alguns empenhos, este valor diminuiu para algo em torno dos R$ 350 mil.

SERRANOSSA: De onde está vindo o dinheiro que aos poucos está sendo utilizado para quitar parte das dívidas?

Simone: Unicamente de repasses financeiros como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), FEX, que podem ser usados livremente – no ICMS, FUNDEB, MDS, FMS, IPVA é obrigatória a utilização de parte deles na saúde, educação e assistência social. O IPTU somente gerará receitas para 2013.

SERRANOSSA: Já é possível estimar quando dinheiro há em caixa?

Simone: Preferimos fazer esta declaração em uma entrevista coletiva, quando tivermos os dados finais.

SERRANOSSA: Será possível zerar a dívida até o final do ano ou haverá restos a pagar para a próxima administração?

Simone: Não. Somente vai diminuir drasticamente.

SERRANOSSA: Em seu depoimento à CPI, o ex-secretário de Finanças criticou as pessoas escolhidas pelo prefeito para fazerem parte da força-tarefa por não terem conhecimento da situação. Segundo ele, antes de ser exonerado ele já teria elaborado um roteiro que possibilitaria encerrar o ano com equilíbrio nas contas. Ele também criticou declarações dadas sobre o tamanho do déficit, que teriam sido, na avaliação dele, precipitadas. Como você encara essas declarações?

Simone: Somente vêm a confirmar que ele sabia o que estava acontecendo o tempo todo, no mínimo desde o início do ano, e não fez nada para mudar a situação. Para mim, essas declarações são sua confissão de culpa. Se ele tivesse a competência que quer aparentar ter, não teria se preocupado com política ou em ficar “bem na foto” com políticos e suas metas e teria se preocupado em cumprir com suas atribuições de gestor financeiro do município: evitar todas essas consequências tristes para todas as pessoas fazendo tudo o que podia fazer a partir do exato momento em que tomou pé da situação. Gostaria de saber o que ele teria para argumentar aos vereadores, hoje, para pedir a eles a sensibilidade de, como representantes do povo, evitar que o povo sofra ainda mais com as consequências desse quadro danoso, visto que não há mais o que fazer por parte do Executivo senão realinhar o orçamento que o Olívio desalinhou comprometendo até mesmo o ganha-pão dos trabalhadores honestos que hoje estão dando tudo de si para auxiliar na solução dos problemas que ele criou, sozinho ou não, os quais ele chamou de “parasitas”.


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