Financiamento de “kit mobília” anima moveleiros

O governo federal estuda um subsídio exclusivo aos beneficiários do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida através de financiamento bancário com juros menores. A proposta visa facilitar às famílias de baixa renda contempladas pela iniciativa a compra do chamado kit mobília, composto por móveis e produtos da linha branca (eletrodomésticos de maior porte, como geladeira, fogão, micro-ondas e freezer, que têm como finalidade atender às necessidades básicas de uma residência). Estão em discussão duas hipóteses de financiamento de móveis. Uma delas estabelece o valor do crédito de acordo com a renda familiar, nos mesmos moldes como funciona hoje a aquisição de imóveis residenciais, ou seja, em três faixas diferentes de renda (até R$ 1,6 mil, até R$ 3.275 ou até R$ 5 mil). A outra sugestão é proporcionar o mesmo subsídio a todos os beneficiários, independente de quanto ganhem por mês. A expectativa era de que a presidente Dilma Rousseff se manifestasse sobre o assunto durante o pronunciamento oficial alusivo ao Dia do Trabalho na última quarta-feira, dia 1º, o que não aconteceu. O discurso foi focado nas estratégias para conter a inflação e nas ações do governo.

O certo é que se a medida for aprovada, será um motivo de comemoração para as empresas do setor moveleiro, o que beneficia diretamente a cadeia produtiva de Bento Gonçalves. O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan, avalia que essa será uma das medidas do governo que mais impactarão positivamente no setor. Para ele, o prazo estendido do financiamento permitirá às famílias realizar o sonho de entrar nas novas casas já com o mobiliário renovado. “Quando esse incremento estiver em prática, a aquisição de móveis certamente terá um crescimento considerável, com estimativas em torno de 2 milhões de famílias beneficiadas nos próximos anos”, garante.

Cansan destaca ainda que, se o governo federal também estender o financiamento de móveis e eletrodomésticos às famílias que já adquiriram seu imóvel através do programa Minha Casa, Minha Vida, o impacto no setor moveleiro pode superar a casa de 3,2 milhões de famílias beneficiadas pela nova linha de crédito – seriam 2 milhões em fase de aquisição de imóvel e 1,2 milhão que já concretizaram o negócio e estão usufruindo das novas casas. “Estimamos um crescimento em torno de 6% líquido para 2013 e esperamos que as medidas efetivamente saiam do papel e entrem em vigor, para que as indústrias possam produzir e crescer ao longo deste ano”, comenta.

Opiniões divididas

Segundo levantamento feito pelo jornal “Folha de São Paulo”, publicado nesta semana, a forma de funcionamento da iniciativa divide opiniões entre representantes do governo federal e está sendo estudada por uma equipe de técnicos. Alguns setores defendem a criação de um pacote único que englobe tanto o financiamento da moradia quanto o de móveis e eletrodomésticos da linha branca, com uma entrega conjunta. Os contrários à essa posição alegam que isso poderia aumentar o comprometimento de renda dos beneficiários a longo prazo, além de exigir uma operação complexa de entrega de produtos.


Como funciona

Famílias com ganho mensal de até R$ 1.600 pagam no máximo 5% da sua renda durante 10 anos. Para famílias com renda de até R$ 3.275, há financiamento com juros reduzidos e subsídio complementar limitado a R$ 25 mil. As duas faixas concentram a maior parte do programa. A terceira foca famílias com ganho mensal entre mais de R$ 3.275 e R$ 5 mil. Nessa faixa, os juros são de 7,16%.

Reportagem: Greice Scotton


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