“Foi o dia mais perfeito da minha vida”

A terapeuta holística Elisandra Radaelli Brandão Oliveira se emociona toda vez que lembra do dia 21 de agosto de 2014, quando Maria Teresa nasceu. O relato sobre o parto humanizado realizado em casa você confere a seguir:

“Emociono-me toda vez que lembro do dia em que Maria Teresa nasceu, foi o dia mais perfeito da minha vida. Às vezes me deixo levar pelo embalo dos meus pensamentos, como uma brisa suave em um dia agradável de primavera, contemplo minhas memórias enquanto olho para o rostinho lindo desta amada filha que mama sem parar, embriagada pelo néctar do meu peito desde o instante em que saiu do altar sagrado do meu corpo. Volto no tempo só para reviver de novo aqueles momentos, tudo tão mágico e encantador, difícil descrever em palavras tanta alegria. É tanto amor que não cabe em mim, transborda e só aumenta, cresce junto com ela.

A dor e o cansaço daquele dia foram embora, mas a lembrança da alegria de ter minha filha em meus braços ficará para sempre. A ocitocina do amor tomou conta de mim, encarei meus medos de frente e minha coragem falou mais alto. Empoderei-me.  No parto nasce um bebê e renasce uma mulher.

Foi assim que ela veio, naturalmente, como fazia minha avó paterna Valdomira Brandão, que aprendeu com suas ancestrais a parir naturalmente. Ela ajudou centenas de crianças a chegarem neste mundo e com certeza naquele dia ela estava lá comigo. Senti sua presença encorajando-me. Minha reverência e amor pelo trabalho de minha avó, que hoje se encontra em outro plano, aumentou ainda mais.

Segundo o médico, Maria Teresa viria no dia 17 de agosto de 2014, mas ela escolheu o dia 21 agosto, quatro dias depois do planejado pela medicina. O grande dia. Despertei às 4 horas da madrugada sentindo algo estranho, algumas sensações diferentes. Fui ao banheiro como de rotina e voltei a deitar. Será que este seria o grande momento? Fiquei ali pensando e sentindo-a remexer em meu ventre. Tudo tão perfeito! Já não consegui mais dormir, despertei meu marido, Antonio Oliveira, às 5h, meditamos, oramos, e às 7h senti flashes de energia que vibravam de todo meu corpo, uma emoção tremenda, algo novo. Era então a despedida.

Sim, a despedida da minha barriga que eu já estava acostumada. Foram 40 semanas e quatro dias juntas vivendo as mais elevadas e diferentes emoções. Despedi-me do meu velho eu e dei lugar a uma nova mulher.

Chorei muito, e enquanto as lágrimas de emoção corriam no meu rosto, ali, sentada no nosso cantinho de oração, falei com Maria Teresa no meu ventre: ‘Filha querida e amada, nossa hora chegou, estou preparada para receber-te em meus braços, é hoje meu anjo. Você escolheu nascer no paraíso, no nosso lar, venha com vontade. Papai e mamãe te esperam alegres. Estamos preparados!’

Abracei meu marido e entreguei-me para sentir o que fosse preciso. Eu queria viver aquele momento com a máxima intensidade. E como foi importante o carinho do meu amado, os abraços e beijos, seu silêncio quando eu precisava interiorizar-me, sua compreensão. Chamo-o de sabedoria, pois ele soube viver comigo cada instante, confiou no meu poder de fêmea e mulher. Sabíamos que daria tudo certo e caminhamos juntos. Ainda sinto suas mãos fortes segurando-me. E quando nossa filha nasceu, foi ele quem a acolheu primeiro em seus braços e entregou-me. Isso fez toda a diferença.

Antonio ligou para a parteira e a doula de Caxias do Sul, que logo chegaram cheias de ânimo. Haviam passado a madrugada em outro trabalho de parto e traziam todo o entusiasmo de receber a vida com amor e respeito. Entre contrações, risadas, massagem, chás, florais, banho quente, caminhadas pela casa, movimentos, as horas passavam. Eu perdi a noção de tempo, parecia que eu havia me deslocado para outro planeta. Sim, existe uma tal ‘partolândia’ onde as mulheres vão ao preparar-se para parir. Eu fiquei lá o tempo todo. Já era de tarde e as contrações aumentavam cada vez mais. Cada contração uma nova emoção, sentia-a mais perto.

O ambiente eu mesma havia preparado uns dias antes. Chamo-o de meu ninho. No quarto estavam minhas mais lindas plantas, uma fonte com suave barulho da água, essências suaves, um cartaz que escrevi de boas-vindas para Maria Teresa, um pequeno altar com velas e outros objetos que me transmitiam tranquilidade, no aparelho de som, o embalo das músicas harmônicas que passei a gestação ouvindo, bem quentinho e confortável com um colchão no chão e tudo o que eu precisaria para aquele momento. Eu queria que ela sentisse paz ao nascer.

De repente a bolsa estourou!  Eram 16h30. Um instante a mais e ela nasceria empelicada. Um pouco mais de força e então chorei e gritei como nunca havia chorado antes! Eu estava de cócoras e esta posição beneficiou-me muito. Senti a mão de meu marido apertar a minha, fechei os olhos e o eco de a minha voz soou na imensidão do universo e ficou gravado no éter do meu Ser. Renasci como mulher e mãe. Ali morreu o velho eu, extirpei de vez minhas angústias e medos encarando-os de frente. A coragem foi maior, por isso venci. Dei lugar ao novo, cheia de poder e força. Senti-me uma fêmea que reconhece sua cria. Foi mágico e indescritível. Ela chegou às 16h40!

Fecho os olhos e ainda sinto o seu cheiro de recém-nascida, ouço a sua primeira voz, vejo os seus olhinhos repletos de paz olhando-me como se quisesse dizer: ‘ah é você mamãe! Obrigada, eu conheço as batidas do seu coração, eu estava bem pertinho dele. Ah, quanta emoção e alegria eu sinto!’

Então ela veio para meus braços imediatamente, mamou, mamou e mamou – assim como o faz até hoje. Digo que ainda estamos em ‘lua de leite’. Esperamos o cordão umbilical parar de pulsar e papai, com a ajuda da parteira, cortou o cordão quase uma hora depois que ela nasceu.

Foram seis meses de amamentação exclusiva. Literalmente ela mama e dorme. Maria Teresa é super saudável, chamo-a de anjo da paz, calma e tranquila. Nunca adoeceu e jamais precisou tomar um remédio sequer.

Quando meu marido Antonio perguntou-me, se eu pudesse escolher onde gostaria de nascer, pensei e tive a certeza seria a nossa casa. A partir daquele momento tive a convicção de que o nosso lar era o melhor lugar para nossa filha Maria Teresa nascer, no nosso ninho, o aconchego mais perfeito que existe, a nossa energia, onde ela passou o maior tempo durante os nove meses. Na vibração da música zen, os aromas suaves e naturais que amamos, o meu cantarolar diário, na companhia de pessoas queridas. Tudo isso estava no ar. Seria realmente perfeito, eu queria parto natural e nunca pensei em outra possibilidade. O dia mais feliz de nossas vidas é dia do nosso nascimento, portanto, acredito que nascer com amor e respeito é sinônimo de adultos felizes e planificados de paz e amor.”

Parto humanizado

Para saber mais sobre o parto humanizado e sobre o grupo Nascer Sorrindo Bento Gonçalves, clique aqui.

 

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