Após a pior sequência de jogos da sua história no Campeonato Brasileiro, o Farrapos livrou-se do rebaixamento somente na repescagem, quando superou o San Diego, vice-campeão da segunda divisão, por 43 a 0. Apesar da angústia pelo risco do descenso, no entanto, o clube adiantou que manterá, para 2016, o mesmo planejamento que adotou neste ano.
Os resultados negativos se acumularam no segundo turno, quando a maior parte dos adversários se reforçou com jogadores profissionais. O Farrapos, na contramão, optou por manter o mesmo grupo, completamente amador, e direcionar as receitas para outra fonte: as categorias de base. Por conseguinte, pagou o preço com a sequência de seis reveses que, por pouco, não culminaram com o rebaixamento. O presidente do clube, Luis Francisco Flores, o Tito (foto), salienta que essa foi uma decisão necessária para dar continuidade ao planejamento que visa um crescimento sustentável e não pontual. “Sabe como são as coisas no amador, né? Os recursos são escassos, e o que a gente tem, decidimos, há algum tempo, investir na base, para colher frutos lá na frente. Se, com esses mesmos recursos, a gente tivesse trazido quatro ou cinco argentinos profissionais, por exemplo, os resultados seguramente seriam outros. Mas o que o Farrapos acredita é que deve focar nas categrias base, que nunca estiveram tão bem quanto neste ano. Nunca tivemos tantos juvenis e infantis treinando, e isso aconteceu porque a gente mudou algumas coisas para fomentar as categorias menores, como o transporte para a escolinha”, conta, ressaltando que, diferentemente de esportes profissionais, vitórias e títulos não necessariamente significariam mais recursos para o clube, o que endossa a importância de reforçar as categorias menores para assegurar renovação ao time principal. “Eu posso, por exemplo, utilizar o recurso que é usado para pagar transporte para os infantis e trazer dois jogadores para fortalecer a equipe. Nesse caso, a gente pode conseguir uma boa colocação no Super 8, mas a categoria Infantil enfraqueceria. E no ano que vem? E no outro? Você pode pensar que, se formos campeões brasileiros, vamos conseguir um patrocínio de R$ 200 mil. Mas não é o caso, o resultado não vai nos trazer um aporte financeiro significativo. O que a gente acredita, para melhor representar a nossa cidade no médio e longo prazo, é realmente ter categorias de base fortes, que nos possibilitem estar renovando jogadores permanentemente. Ninguém quer dar um passo para trás, mas se fosse necessário, para dar dois para frente, a gente daria”, afirma.
A filosofia de priorizar a formação já vem rendendo frutos. Na última convocação para treinos da seleção brasileira M19, em São José dos Campos (SP), dois jogadores do Farrapos foram chamados: Cristiano Primel e Mateus Rizzi. Eles compõem um grupo de 51 atletas que estão sendo observados para formar o grupo que disputará as competições em 2016.
Sevens como laboratório
Também como parte do planejamento de fortalecer a base, Tito anunciou que o Farrapos disputará o Circuito Gaúcho de Sevens, neste ano, com um grupo mesclado por adultos e outras jovens apostas da categoria Juvenil. “A gente vai jogar a competição, principalmente, com os juvenis. O objetivo é ir preparando esses atletas, proporcionar a eles contato com os adultos”, conta.
A decisão também reforça a ideia de priorizar o XV e tornar o sevens apenas um laboratório para observar e lapidar jogadores. Mesmo que conquiste vaga ao Brasileiro da modalidade olímpica, o Farrapos não disputará, devido aos custos da competição. A primeira etapa do Estadual de Sevens está prevista para os dias 28 e 29 de novembro, ainda sem local definido. Para o grupo principal de XV, o clube estuda a possibilidade de uma gira pela Argentina, em dezembro ou janeiro.
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