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Formação para vida e redução da evasão escolar são alguns dos objetivos do novo Ensino Médio

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Novo modelo começará a ser aplicado neste ano letivo para as turmas de 1º ano, englobando mudanças como ampliação da carga horária, aulas por área de conhecimento e itinerários formativos

Foto: Eduarda Bucco

Um misto de apreensão e entusiasmo penetra os corredores das escolas de todo o Brasil neste início de 2022. A poucos dias da volta às aulas, equipes diretivas e professores estão focados em aprender e se adaptar às mudanças do novo Ensino Médio. Em Bento Gonçalves, duas escolas da Rede Estadual de Ensino já vinham ensaiando as alterações do novo modelo desde 2019 – Bom Retiro e Cecília Meireles fizeram parte do grupo de escolas-piloto do RS, a fim de que pudessem identificar os principais desafios do novo modelo. Entretanto, a partir deste ano letivo, todas as instituições passarão a aplicar as mudanças nas turmas de 1º ano do Médio, incluindo as escolas privadas.
No Alfredo Aveline, única escola municipal com Ensino Médio em Bento Gonçalves, algumas alterações também já vinham sendo feitas, como a ampliação da carga horária. A partir do novo Ensino Médio, os estudantes devem cumprir o total de mil horas anuais, destinando um percentual para atividades a distância. No Aveline, as aulas do Ensino Médio vão das 7h20 ao meio-dia.

Outra grande mudança diz respeito à divisão das aulas por áreas de conhecimento, e não mais por disciplinas já conhecidas como Português e Matemática. No total são quatro áreas – linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e ciências humanas e sociais aplicadas – além dos itinerários formativos, que são uma espécie de disciplina optativa de acordo com a área de maior interesse de cada aluno. Apesar de serem obrigatórios apenas a partir de 2023, o Aveline já começará a trabalhar com os itinerários neste ano, oferecendo uma base para as próximas séries. “Fizemos um questionário com os alunos para entender suas principais expectativas e necessidades. A partir dessas informações, organizamos os itinerários ‘Matemática Financeira’ e ‘Metodologia Científica’”, conta a supervisora do turno da manhã, Cláudia Postal Rizzardo.

Neste primeiro ano, os estudantes participarão de ambos os itinerários, que serão aplicados diariamente, a princípio no primeiro horário da manhã. Segundo explica Cláudia, eles foram pensados para que os alunos tenham conhecimentos básicos sobre a elaboração de artigos e projetos científicos e também sobre gerenciamento de negócios e finanças. “No segundo e terceiro ano eles terão mais opções de itinerários, os quais os alunos poderão escolher a partir dessa caminhada que teve início no primeiro ano”, explica a supervisora. Complementando as aulas presenciais, o percentual da carga horária que deve ser destinado ao ensino a distância será implantado, no Aveline, dentro dos itinerários formativos. “Queremos oportunizar vivências diferenciadas em outros ambientes que não seja apenas a escola. Por isso pensamos em visitas a empresas, experiências extraclasses e viagens de estudo, por exemplo”, cita Cláudia.

Os estudantes do 1º ano do Ensino Médio ainda contarão com o “Projeto de Vida”, uma espécie de orientação sobre seu futuro. “Haverá um professor para cada turma, que auxiliará na organização de sua trajetória dentro e fora da escola, a fim de que possa se conhecer e entender o que anseia para sua vida. Isso será trabalhado a partir de temas específicos, para que o aluno possa exercer o protagonismo de sua vida”, esclarece Cláudia.

Dessa forma, as aulas serão divididas entre a formação geral básica (áreas de conhecimento), itinerários formativos e projeto de vida.

Na Rede Estadual, o coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), Alexandre Misturini, afirma que os itinerários serão iguais para todas as instituições, mas apenas serão aplicados a partir do segundo e do terceiro ano.

Equipe diretiva do Alfredo Aveline. Supervisora Cláudia Postal Rizzardo, vice-diretora Izaura Pasquali e diretor Márcio Pilotti. Foto: Eduarda Bucco

Expectativas

Misturini ressalta que o novo modelo de Ensino Médio vem sendo amplamente debatido desde 2015, contando com a participação de mais de um milhão de professores nas consultas feitas pelo Ministério da Educação (MEC). “Foi uma construção coletiva”, comenta.

Já o diretor da Escola Alfredo Aveline, Márcio Pilotti, frisa que o novo modelo é novidade para todos, tanto para professores e funcionários, quanto para os alunos. “Em relação aos professores, ninguém teve uma formação específica na faculdade para ensinar metodologia científica, por exemplo. Todos vão ter que pesquisar, estudar e se adaptar. E também teremos um grande trabalho para fechar o quadro de professores para que case com a parte dos itinerários. É um ano de tentativas e o novo sempre gera certa angústia”, analisa.

Conforme a equipe diretiva do Aveline, a escola questionou os professores sobre quais teriam interesse em iniciar neste novo formato de ensino ainda neste ano. “Isso facilitou muito porque partiu dos professores esse desejo. E toda a construção do novo modelo, o planejamento, foi feito de forma conjunta”, acrescenta a supervisora Cláudia Postal Rizzardo. Essa integração entre professores será ainda mais importante com o novo modelo devido à divisão por áreas de conhecimento. “Dependendo da área teremos dois ou até três professores trabalhando na mesma turma, no mesmo dia”, explica a supervisora. Nas próximas semanas, os professores terão formações voltadas ao Ensino Médio, a fim de se adaptar com o novo modelo.

“A ideia do novo Ensino Médio é boa. Sair desse engessamento das matérias tradicionais [Matemática, Português, Química, História…] e trabalhar o cotidiano. Também foi uma forma de incentivar o estudante a permanecer na sala de aula, tornando a escola mais atrativa, porque atualmente há um alto índice de evasão escolar”, comenta Márcio Pilotti.
“A nossa expectativa é a melhor possível. Esperamos que seja realmente uma proposta que leve o aluno a crescer enquanto cidadão e pessoa. Mas somente iremos descobrir como gerenciar direitinho essas novidades durante a caminhada”, complementa a vice-diretora Izaura Pasquali.

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