Frejat também chora!

Eu sempre digo que os anos 80 e 90 foram um terreno fértil para a produção musical, principalmente no Brasil. Nesse período, nasceram aqui as melhores bandas de Rock’n Roll nacional: Legião Urbana, Capital Inicial, Os Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, gênios da poesia cantada como Cazuza e Renato Russo tiveram voz e vez para o mundo todo. Aliás, quando eu falo em música, estou falando em Rock’n Roll, em MPB, em Samba de Raiz, nos clássicos gauchescos e nativistas. Essas, sim, músicas que eu aprecio. O resto, confesso, eu suporto! 

Não é por nada que a música “Homem não chora”, do Roberto Frejat, foi escrita nesse período. Sua letra, que inicialmente começa dizendo exatamente a frase que lhe batiza, afirmando categoricamente que “Homem não chora”, acaba por reconhecer, logo em seguida, que, de fato, ele está chorando, e tentando disfarçar seu pranto. 

Confesso que nunca tive a oportunidade de ouvir o próprio Frejat justificando a letra. Ou o que lhe teria levado a escrevê-la. Também não pesquisei textos ou relatos ou histórias que pudessem dar tal explicação. Preferi, dada a profundidade que essa letra tem para mim, emprestá-la a minha interpretação. 

Desde sempre (e nós, meninos, mais ainda) ouvimos, por conta do machismo arraigado em nossa cultura, que “homem não chora”; que “chorar é coisa de fracote”; “chorar é coisa de mulherzinha”. 

Não! Não! Não! Mil vezes NÃO! 

Já disse o poeta – e eu não sei precisar qual deles foi, já que a paternidade é discutida – que “as lágrimas escorrem quando não mais o coração suporta o sofrimento; ou quando o sentimento transborda do coração”. 

Ora, se o poeta está certo, e eu tenho a convicção plena de que ele está, chorar não é e não pode ser considerado coisa de gente fraca. Muito antes pelo contrário! Aliás, menos ainda se pode atribuir às mulheres essa condição, de fraca. Mulheres são mães; são profissionais; são donas de casa; são esposas; são amantes e, às vezes até, são até pais. E tudo ao mesmo tempo! 

Isso me remete a mais uma música, agora da década de 70. Erasmo Carlos, em “MULHER”, naquela época, e com toda a razão, já cantava:
 
“Dizem que a mulher é o sexo frágil. Mas que mentira absurda!”. É fato que as mulheres choram, sim, mais que os homens. Porém, elas não choram, nunca, por fraqueza. Elas choram porque são fortes; choram por terem sido fortes muito tempo; choram por serem fortes o tempo todo. E só é forte, sim, realmente aquele que se permite chorar. 

Os poetas também choram, em sua infinita sensibilidade. Frejat é um poeta. Então, Frejat também chora! 

Até a próxima!
 

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