A velocidade imprimida por gaioleiros nas estradas do interior de Bento Gonçalves vem causando desconforto aos moradores da linha Eulália. O SERRANOSSA recebeu denúncia de uma residente da localidade que relata problemas decorrentes de arruaças e da alta velocidade dos veículos. Órgãos responsáveis pela fiscalização, como o Departamento Municipal de Trânsito (DMT), admitem o aumento das reclamações, mas afirmam que pouco pode ser feito nesses casos.
Segundo relato da leitora Rejane Zanetti, moradores estão incomodados com as arruaças praticadas por gaioleiros nas imediações da Eulália. A moradora afirma que, por ser estrada de chão, os veículos arremessam brita em direção às casas e atingem, muitas vezes, quem caminha pelo local. O problema não seria restrito às áreas não asfaltadas, mas também na via que dá acesso a São Valentim. Ela ainda diz que os moradores já cobraram providência das autoridades – como calçar algumas ruas – mas nada foi feito até o momento. “Fui orientada pelo Departamento Municipal de Trânsito (DMT) a ligar para a Brigada Militar (BM) e a Brigada informa para ligar para o Trânsito, um passa para o outro e ninguém quer atender”, afirma.
A leitora ainda diz que o problema piora ainda mais em dias de chuva, quando são abertas crateras e valos que dificultam a passagem de outros automóveis e lama e água adentram as residências. “Como a rua não tem calçamento, não podemos abrir a casa em função do pó que se forma”, reclama.
Tanto o DMT quanto a Brigada Militar são os órgãos responsáveis por atender esta demanda de fiscalização. O Departamento de Trânsito confirmou que as chamadas “gaiolas” não podem circular em ruas ou estradas sem licenciamento. O não emplacamento desse tipo de veículo é comum entre os praticantes do esporte, já que o Código Brasileiro de Trânsito (CBT) exige a instalação de determinados equipamentos que, na opinião de muitos usuários, descaracterizam a função do veículo adaptado. Segundo o DMT, a prática desse tipo de esporte ou a simples circulação dos carros só são permitidas em trilhas ou pistas privadas ou em competições autorizadas.
Esse tipo de registro tem aumentado nos últimos meses, segundo o DMT. A explicação para a ausência de fiscalização recai na falta de efetivo para o interior do município – no último dia 2, uma reportagem do SERRANOSSA destacou que são apenas 8 profissionais nas ruas em cada turno. Outra justificativa é o tempo necessário para chegar ao local, que dificulta o flagrante das imprudências cometidas e impede que os infratores sejam punidos.
A orientação é que, mesmo diante dos empecilhos técnicos, os moradores que se sentirem incomodados entrem em contato com o DMT e com a BM, para efetuarem o registro da ocorrência. Os telefones são 153 ou 3451 5222 (DMT) ou 190 (Brigada).
Regularização
Para obter a regularização de veículos tipo gaiola é preciso contatar o Inmetro. O carro deve ter todos os itens relacionados pelo Regulamento Técnico de Qualidade (RTQ) 24. Nele são listados todos os requisitos para que receba o Certificado de Segurança Veicular (CSV). O exame pode ser feito em qualquer empresa de inspeção veicular credenciada pelo Inmetro e inclui diversas avaliações, desde emissões de poluentes até a qualidade das soldas e a presença de itens de segurança. Com o CSV e mais uma série de documentos, notas fiscais e laudos na mão, também deverá ser enfrentada a burocracia. O registro terá de ser inserido e reconhecido pelo órgão de trânsito estadual e depois pelo Denatran para que, após o pagamento dos impostos, o carro finalmente ganhe um número do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).
Reportagem: Jonathan Zanotto
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