Generosa ajuda argentina na conquista do penta

Javier Cardozo Sanchez, 27 anos, mora há menos de cinco meses no Brasil e ainda se esforça para interagir através do “portunhol”. A língua do rugby, no entanto, é universal, e dentro de campo o jogador não precisou de muito tempo para agregar ao Farrapos a expertise do rugby argentino. Logo em seu primeiro desafio, roubou a cena e liderou a equipe na conquista do pentacampeonato estadual.

Javier foi o principal nome do Campeonato Gaúcho. Além de Try Man, com média de 1,5 tries por jogo, também foi o terceiro maior pontuador. O jogador conheceu o clube em um torneio de seven em Santa Catarina e aceitou o desafio de vir a Bento convencido pelo projeto que lhe foi oferecido. Com passagem pela seleção M17 dos Pumas e pelo rugby italiano, toda a perspectiva sobre a capacidade do centro/fullback foi, try após try, sendo ratificada. “A verdade é que é muito fácil se adaptar ao time. O estilo de jogo e o sistema são bem parecidos às escolas argentina e uruguaia. O técnico (Carlitos Baldassari) tem a experiência do rugby argentino e uruguaio, e o objetivo do jogo, aqui, é bastante semelhante”, conta.

O momento político e econômico bastante instável na Argentina também pesou na decisão de vir para o Brasil. Segundo Javier, tanto a rápida adaptação ao time quanto a “nova vida” fora das quatro linhas, hoje, não deixam dúvidas: fez a escolha certa. “Fora de campo a adaptação está sendo boa, as pessoas me receberam muito bem. Posso dizer que eu estou muito cômodo aqui no Farrapos. Em comparação à minha vida na Argentina, há muita diferença. Acho que a situação econômica e política do país está afetando também a situação social. As pessoas mudaram. Tinha gente mais educada, mais tranquila, e agora, talvez pelos problemas de cada um, com uma vida mais difícil, afetou muito a parte social. Hoje em dia a Argentina é um lugar difícil de viver. Aqui vocês estão melhores, percebi essa diferença no jeito de falar, de fazer as coisas, de tentar ajudar. Acho que por tudo isso o Brasil está um passo à frente da Argentina hoje em dia”, relata.

Cinco meses depois, o que até então era apenas uma experiência passou a ser um projeto de vida. Além de jogar para o time, Javier trabalha para o clube, nos projetos de desenvolvimento da base, e não pensa em voltar tão cedo ao país natal. Assim como outro estrangeiro, o uruguaio Carlitos Baldassari – responsável por comandar a ascensão do clube no cenário local e depois nacional – ele também espera deixar sua marca enquanto jogador da equipe bento-gonçalvense. “Acho que vai ser o primeiro de muitos anos aqui, espero que seja assim. Meu objetivo principal é chegar o mais longe possível com o clube, ser campeão do Super 10, ganhar o Brasil Sevens, além de tentar ajudar os jovens jogadores aqui para que o clube tenha uma estrutura com Infantil, Juvenil, jogadores na seleção, seria muito bom para o time. O clube me ajudou muito e eu quero retribuir isso”, conclui.  

Estrutura elogiada

Javier conhece as principais estruturas para a prática do rugby na Argentina, principal polo da modalidade nas Américas. O jogador destaca que há muita diferença com relação a alguns clubes que ele conhece no Brasil, porém, bastante semelhança à realidade do Farrapos.O Farrapos é muito parecido a alguns times de Tucumán – província onde Javier mais jogou na Argentina -, Buenos Aires e do Uruguai também, com relação à estrutura, objetivos e parte financeira. Mas é muito diferente com relação a outros times do Campeonato Gaúcho, alguns não têm campo próprio e enfrentam muitas dificuldades”, frisa. 

 

Reportagem: João Paulo Mileski

 

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