Habilidades pessoais e técnicas de liderança norteiam a pauta do 6° Seminário de Gestão de Pessoas, programado para os dias 20 e 21, no Dall’Onder Grande Hotel. O evento consagra os 35 anos da Associação de Recursos Humanos de Bento Gonçalves (ADRH) e conta com apoio do Jornal SERRANOSSA.
Seis profissionais dos ramos de Jornalismo, Recursos Humanos, consultoria empresarial, Publicidade e Direito integram o ciclo de palestras. O jornalista gaúcho Túlio Milman abre os trabalhos com o tema “As lições dos líderes”. Na sequência, o público confere as explanações sobre “Coaching para RH: desenvolvendo pessoas e acelerando resultados”, com o master coach trainer Eduardo Zempulski. À tarde, o escritor especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes Eduardo Shinyashiki promete lotar as dependências do hotel com a palestra “Estratégias vencedoras: atitudes e ações que transformam desafios em conquistas”. O primeiro dia encerra com o mestre e doutor em ciências Marcos Botton com a reflexão “Um brinde à vida”.
Para quarta-feira, dia 21, estão programadas as palestras “A tropa é espelho do guia”, com o gerente de operações da Unicasa SA, Ícara Pereira Cardoso; “Diálogos de carreira: o papel do líder no desenvolvimento de equipes”, com o diretor-geral da consultoria Produtive Carreiras e Conexões com o Mercado, Rafael Souto; “Case: gestão de pessoas”, com o publicitário da agência Perestroika Felipe Anghinoni, e, por fim, a palestra “A vida que vale a pena ser vivida”, com o doutor em direito Clóvis de Barros Filhos.
O SERRANOSSA entrevistou com exclusividade o palestrante Ícara Pereira Cardoso.
Jornal SERRANOSSA: O que os participantes do Seminário podem esperar da sua palestra?
Ícara Pereira Cardoso: Uma passagem por conceitos de liderança, relembrando alguns valores importantes da arte do comando, chefia e liderança, que às vezes, com as desculpas do dia a dia corrido, acabam sendo atropelados por decisões e/ou iniciativas equivocadas. Estarei também exemplificando situações que aconteceram em minha vida no Exército Brasileiro, onde fui oficial combatente de cavalaria por oito anos, e no qual participei de inúmeras missões reais.
SERRANOSSA: A frase “A tropa é espelho do guia” é sugestiva. Liderar uma equipe pode ser comparado a liderar uma tropa?
Cardoso: A frase é mais que sugestiva, acredito sinceramente que a “tropa” é espelho do guia sim. O patrono da Cavalaria, Marechal Manuel Luis Osório, já dizia: “É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever”. Seguindo esta linha de raciocínio, é fácil a missão de executar nas empresas, basta conduzir as pessoas para o que precisa ser feito com respeito e sinceridade. O que acontece em muitos casos é que nem os “chefes” sabem o que precisa ser feito. Liderar tropa, fato que pude viver, é praticar alguns sentimentos de camaradagem, espírito de corpo, e busca da missão cumprida; tropa e equipe para mim é uma questão de semântica das palavras, porque os sentimentos são os mesmos: grupo de pessoas em prol de um objetivo, sendo liderados por um!
SERRANOSSA: Quais são os principais diferenciais de um líder em comparação a um chefe?
Cardoso: Chefes formam seguidores e precisam sentir-se necessários, concentram-se nas fragilidades e agarram-se ao poder. Já líderes formam novos líderes, gostam de ser sucedidos, concentram-se nos pontos fortes e delegam o poder. Chefes influenciam somente pessoas a sua volta, isso quando conseguem. Os verdadeiros líderes influenciam pessoas para além do seu alcance.
SERRANOSSA: Alguém nasce líder ou pode se tornar um? Quais são as principais características para quem deseja chegar nessa posição?
Cardoso: Respondo à primeira pergunta começando por outra: alguém pode nascer com o dom para música ou pode aprender e ser tão bom quando aquele que nasceu com o dom? Esses questionamentos ajudam a formar a base para resposta que podemos nascer com inteligências e habilidades interpessoais mais afloradas que outras pessoas, mas nada impede de sermos treinados e com o tempo e dedicação transformarmo-nos em líderes hábeis.
Acredito que duas das principais características de um líder seriam escutar e comunicar, ambas imprescindíveis para o sucesso. Não há como liderar pessoas sem escutar e entender os anseios de cada uma, tampouco não estar o tempo todo comunicando suas ideias, ações e estratégias para o grupo.
SERRANOSSA: Como reage um funcionário bem liderado e um funcionário mandado?
Cardoso: Respondo esta pergunta fazendo dois questionamentos: a) quantas vezes recebemos uma missão de alguém para que algo seja realizado e começamos instantaneamente a pensar na forma da execução como se aquilo realmente fosse algo importantíssimo, e que seu nome e reputação dependessem daquele resultado, promovendo o sentimento de que não podemos decepcionar aquele que solicitou tal tarefa? B) quantas vezes recebemos uma missão de alguém e ficamos pensando se realmente deveríamos vir a executar e se realmente seria importante e/ou se poderíamos vir a protelar ou delegar a tarefa? Acredito que o primeiro questionamento responde a pergunta. É simples assim: sentimento! Executor bem liderado executa com o sentimento.
SERRANOSSA: A geração Y possui características de liderança superiores às gerações anteriores?
Cardoso: Não diria superiores, mas diferentes. Existe uma diferença conjuntural no ambiente empresarial com a diversidade de ferramentas de suporte a decisão (hardware e softwares), além do fácil acesso a qualquer tipo de informação. Isso fez com que se exigisse do líder contemporâneo novas habilidades para tomada de decisão, criando novas formas de raciocínio para conduzir pessoas (em um mundo cada vez mais competitivo). Não que eles sejam superiores, mas porque o mundo mudou. É questão de adaptação natural da espécie. Caso o mundo não tivesse mudado, não teríamos a diferença em questão. Não podemos comparar habilidades diferentes de gerações diferentes em tempos diferentes.
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