Mais um golpe na internet se intensificou no Brasil durante a pandemia. Sites falsos de leilões têm enganado pessoas de todo o país com veículos de alta qualidade e valores acessíveis. Recentemente, uma família do interior de Cotiporã chegou a depositar R$ 150 mil, após ter ganhado um lance em um leilão virtual. A informação foi recebida pelo leiloeiro de Bento Gonçalves Volnei Zaccarias, que atua há 22 anos no ramo. As vítimas entraram em contato com Zaccarias para buscar ajuda. “Eles apenas perceberam que se tratava de um golpe quando se deslocaram até Caxias do Sul, no endereço informado, e se deram de cara com um depósito [de veículos] que não tinha nada a ver com leilões”, conta.
Conforme Zaccarias, há alguns pontos que podem auxiliar os clientes a identificarem sites falsos de leilões. “Os golpistas criam sites bem parecidos com leilões, mas com peculiaridades. Os sites falsos sempre registram fora do país, porque é mais difícil de serem investigados. Então a grande maioria dos sites falsos terminam em ‘.com’, e não em ‘.com.br’”, explica o leiloeiro. Atualmente, após perceberem que órgãos públicos e sindicatos estavam alertando os brasileiros sobre essa questão, alguns golpistas passaram a criar sites com o fim “.com/br”.
Outro ponto que se deve ficar atento diz respeito à qualidade dos bens ofertados – em sua maioria veículos. “As pessoas ficam vislumbradas porque nesses sites, normalmente, só tem veículos muito bons e bonitos. Essa não é a realidade de leilões. Temos veículos bons, mas também temos aqueles em condições não muito boas”, pontua Zaccarias.
Conforme o leiloeiro, os golpistas atuam com lances falsos de veículos porque são mais fáceis de fazer vítimas. “A pessoa se ilude muito facilmente com veículo, com preço baixo e fotos bonitas, elas acabam formalizando o lance sem ir visualizar o bem”, comenta. Após ganhar o lance, as vítimas são pressionadas para fazerem o depósito, caso contrário, perderão o bem. Dessa forma, algumas pessoas apenas percebem o golpe após já terem efetuado o depósito. “Normalmente a localização dos bens desses sites falsos caem em depósitos do Detran ou outros locais de armazenamento de veículos. Mas quando chegam nesses locais, as pessoas informam que não é depósito de leilão”, relata. Conforme o leiloeiro, também é possível identificar um site falso quando há leilões recorrentes, o que não é comum em leilões cadastrados.
Alguns golpistas utilizam nomes parecidos com os de leilões já conhecidos no estado ou no país, os quais possuem credibilidade. “Outra dica é ficar atento ao leiloeiro que gerencia o site. Tem que buscar informações sobre esse profissional, se está cadastrado na junta comercial, se está regular, porque todos os anos o leiloeiro precisa se regularizar”, ressalta Zaccarias.
Salvo pelo banco
Um bento-gonçalvense que atua no ramo alimentício no município foi uma das vítimas dos golpistas recentemente. Com conhecimento sobre o site Pestana Leilões, um dos mais populares do Sul do país, o homem decidiu pesquisar a empresa no Google para encontrar alguma opção de veículo que o agradasse. Entretanto, foi o site falso, com fim “.com/br” que apareceu em primeiro nas pesquisas. “Fiquei um mês olhando o site e ele é idêntico ao verdadeiro, endereço, telefone, sistema de pagamento… tudo igual”, comenta.
Confiante de que estava na plataforma oficial, a vítima decidiu dar um lance para um veículo de seu interesse, o qual foi contemplado pela falsa empresa. “Eles te mandam um e-mail com todas as informações e pedem para fazer uma TED de 30% do valor em até 24h, para garantir o lance”, narra a vítima. Ao ser notificado sobre o lance, o homem entrou em contato com a suposta empresa de leilões pelo WhatsApp e pelo telefone, ocasiões em que passou todos os dados solicitados e afirmou que iria realizar o depósito. “Eu pedi para dar uma olhada no veículo antes e me falaram que não seria possível, que eu teria que agendar por e-mail por conta da pandemia”, relata. “Eu mandei o site para três advogados e os três falaram que, a princípio, estava tudo certo”, continua.
Entretanto, ao efetuar a TED, o banco entrou em contato com a vítima para alertar sobre a transação. “Foi o banco que descobriu que era fraude”, conta.
Órgãos alertam
Diante dos diversos golpes registrados nos últimos meses, o Sindicato dos Leiloeiros Oficiais do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilei-RS) passou a disponibilizar uma relação de sites falsos ou com indícios de falsidade já encontrados na internet. Na plataforma a pessoa consegue encontrar qualquer site considerado falso a partir de uma barra de pesquisa.
Já o Procon de Bento Gonçalves ressalta a importância da pesquisa sobre a reputação do site. “É importante que o consumidor verifique a confiabilidade do site em questão, muitas vezes uma mera consulta sobre a reputação do site, seja no “reclame aqui” ou no próprio Google, é suficiente”, alerta o assessor de políticas públicas do consumidor, Maciel Giovanella. “Também se deve atentar para ofertas com vantagens excessivas”, complementa. Na dúvida, o recomendado é entrar em contato com o Procon pelos telefones (54) 3055-8547 / 3055-8541 / 3055-8542 / 3055-8543 / 3055-8544 / 3055-8545.