Gota D’Água deve retomar atividades em 2015

Após um ano sem atendimentos, a Associação Gota D’Água deve retomar suas atividades no ano que vem. Depois de reuniões e audiências entre representantes da entidade, da prefeitura e Ministério Público (MP), a situação da entidade que oferecia atendimento a autistas em Bento Gonçalves se encaminha para uma solução satisfatória para todos os envolvidos.

Em maio deste ano, a Gota D’Água parou de oferecer atendimentos. O presidente da associação, João Lima, explica que a decisão foi tomada em conjunto com os familiares dos pacientes atendidos, ainda no início de 2014. “A entidade estava com dívidas e não tinha mais como se manter”, justifica, acrescentando que a medida foi tomada com o propósito de se reorganizar para voltar a funcionar em 2015.

A partir da próxima semana, um profissional cedido pela prefeitura passará a trabalhar no setor administrativo da associação. De acordo com a secretária municipal de Habitação e Assistência Social, Rosali Faccio Fornazier, diversos empresários e pessoas da sociedade se prontificaram como parceiros para apoiar a causa. “Eles já se ofereceram para dar suporte, estamos apenas esperando que eles apresentem seus projetos”, afirma, garantindo que há interesse da administração pública em buscar uma alternativa.

“Vai voltar a funcionar em 2015. Estamos arrumando a casa. Queremos reabrir a entidade com bons profissionais”, garante Lima. A associação oferece atendimento de pedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo e fisioterapeuta para crianças e adultos autistas.

Fundada em 2000 por pais e amigos de autistas, a Associação Gota D’Água só começou a funcionar na prática em setembro de 2005. Em abril de 2012, passou a atender em sede própria, em uma casa sustentável ao lado do Ginásio Municipal de Esportes. Atualmente, conta com cerca de 40 associados.


“Sofremos com um ano sem atendimento”

“Ela é um bebê”. Assim Sebastião Vieira da Rosa, morador do bairro Tancredo Neves, define a filha autista Daiane (foto). Aos 20 anos, ela depende do pai para comer, tomar banho, trocar fraldas, escovar os dentes, tomar remédios e se locomover. Além de cuidar da filha, Sebastião ainda enfrenta seu próprio problema de saúde: com desgaste nos ossos dos joelhos, aguarda cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) há mais de um ano e não consegue andar sem muletas.

Sebastião deixou de tratar sua doença para poder se dedicar totalmente a Daiane. Até os 18 anos, a jovem frequentava a escola municipal especial Caminhos do Aprender, além de ir para a Associação Gota D’Água semanalmente. Ao atingir a maioridade, precisaria do atendimento diário da entidade, sem funcionamento desde o início deste ano. “É muito difícil manter ela em casa todo o dia. Ela se morde, se machuca, tenta escapar de casa. Quebrar a rotina de um autista é algo muito complicado”, afirma o pai, divorciado.

O diagnóstico de Daiane foi feito apenas aos 9 anos de idade. Antes disso, o então médico da menina não sabia dizer a doença que ela tinha. “Desde bebê eu via que ela era diferente, gritava muito, se machucava, não brincava com as outras crianças. Levava ela para a Apae”, conta o aposentado. Foi lá que ele conheceu outros autistas e reconheceu o comportamento da filha na hora. Ele acredita que, se tratados desde pequenos, portadores da deficiência podem ter um desenvolvimento muito melhor, aprendendo a comer e beber por conta própria, sentar sozinhos e cuidar da própria higiene.

Entre os benefícios do tratamento em uma entidade especializada, Sebastião cita o convívio com outras pessoas e o desenvolvimento físico e psicológico. “Ela estava muito melhor antes. Minha esperança é que a Gota D’Água volte no próximo ano”, finaliza o pai. 

Reportagem: Priscila Pilletti


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.