Governo Lula volta atrás e diz que vai bancar translado do corpo de Juliana Marins

Na quarta, o Itamaraty dizia que a legislação brasileira proíbe expressamente o custeio do translado de corpos; hoje, Lula afirmou que o Ministério das Relações Exteriores cuidará de tudo

Governo Lula volta atrás e diz que vai bancar translado do corpo de Juliana Marins.
Governo Lula mudou o tom e afirmou hoje que vai bancar o translado do corpo de Juliana Marins. Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Instagram/@resgatejulianamarins

Um dia após o Itamaraty afirmar, em nota ao jornal Estadão, que não poderia arcar com os custos do translado do corpo de Juliana Marins — brasileira que morreu durante uma trilha em um vulcão na Indonésia —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quinta-feira (26), que determinou ao Ministério das Relações Exteriores que assuma os custos da repatriação.

Juliana Marins, natural de Niterói (RJ), desapareceu na madrugada de sábado (21) durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. Ela foi encontrada sem vida na terça-feira (24), e o resgate do corpo levou 15 horas, sendo concluído na quarta-feira (25).

“Conversei hoje por telefone com Manoel Marins, pai de Juliana Marins, para prestar minha solidariedade neste momento de tanta dor. Informei a ele que já determinei ao Ministério das Relações Exteriores que preste todo o apoio à família, o que inclui o translado do corpo até o Brasil”, publicou Lula em suas redes sociais na tarde desta quinta.

Pouco depois, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, também se manifestou, dizendo que Lula assegurou a assinatura de um decreto que permitirá ao governo bancar o translado. “Hoje, quando conversei com a Mari, irmã da Juliana, falamos sobre o quanto esse triste vazio pode ser preenchido pelos sonhos da Ju e pela sua coragem em realizar tudo o que desejou. O presidente Lula assegurou a assinatura de um decreto que permite que a Ju volte para casa e que sua família e amigos possam se despedir dela com todo o amor que ela merece”, escreveu.

Na quarta-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores havia informado ao Estadão, com base no decreto nº 9.199/2017, que a legislação brasileira “proíbe expressamente” o uso de recursos públicos para custear despesas com sepultamento e traslado de corpos de brasileiros falecidos no exterior. Segundo a pasta, a assistência consular se limita a orientações aos familiares, apoio nos contatos com autoridades locais e emissão de documentos, como o atestado consular de óbito.

Desde a publicação da nota enviada ao Estadão, as redes sociais foram tomadas por críticas ao governo. Na postagem de Lula nesta quinta, os comentários foram diversos: “O que uma pressão não faz, né, Lula?”, escreveu um internauta. Outro disse: “A vergonha foi demais pra você.” Houve quem lembrasse que “Janja se empenhou para salvar o Cavalo Caramelo nas enchentes, mas não fez o mesmo por Juliana”.

Também foram feitas comparações com o envio de um avião da FAB para buscar a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, que teve asilo político concedido pelo Brasil. Outros usuários afirmaram que “Lula só anunciou que o governo bancaria depois que outros se ofereceram para pagar” — em referência ao prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), e ao jogador Alexandre Pato, que declararam publicamente que arcariam com os custos do translado.

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