Greve dos médicos é mantida até quitação de pagamentos e atendimento segue em 50%
A virada do ano contou com menos atendimentos na saúde pública em Bento Gonçalves. Após um semestre de dificuldade para o recebimento dos salários, os médicos terceirizados entraram mais uma vez em greve na última semana de dezembro. Até a tarde desta quinta-feira, dia 7, os profissionais permaneciam de braços cruzados, posicionamento que pretendem manter até o pagamento da folha do último mês, prometida para até esta sexta-feira, 8.
Após receber o pagamento referente a novembro na última semana do ano, a reivindicação dos médicos é pela garantia de pontualidade. “Não tivemos nenhuma de nossas solicitações atendidas: um documento que garantisse o pagamento sem atrasos e a não retaliação, nem a compensação de faltas. Por isso a greve continua”, afirma o presidente do Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, Marlonei Silveira dos Santos.
Segundo acordo assinado nesta semana, a administração municipal repassará R$ 617.802,75 à Fundação Araucária, empresa responsável pela terceirização dos profissionais, até o fim de janeiro. Para a quitação dos R$ 2.554.229,52 restantes das notas de outubro, novembro e dezembro, a prefeitura busca apoio em um financiamento ainda não confirmado pelo banco até a tarde desta quinta-feira, dia 7. A proposta é pagar o montante à instituição bancária em 24 parcelas. “Se não conseguirmos o financiamento, infelizmente, o salário de dezembro precisará ser parcelado”, adianta o coordenador da fundação, Lidio Bassani.
Manter o atendimento em 50% da capacidade, como os cerca de 90 médicos contratados estão oferecendo no período de paralisação, é uma opção que desagrada os sindicalistas. “Não podemos ficar em greve por muito tempo, isso prejudica a população, que deixa de nos apoiar na causa”, avalia Marlonei. “Mas, se os atrasos se repetirem, pararemos de novo”, acrescenta.
Repasses
Mesmo com a falta de repasses estaduais e federais (veja quadro), o coordenador médico da secretaria municipal de Saúde, Marco Antônio Ebert, é otimista para os próximos meses. “Estamos fazendo o possível para que a regularidade venha a ser efetuada e que o ambiente se torne mais saudável”, afirma. Segundo ele, há uma readequação de orçamento para 2016, considerando um aumento de atendimentos e uma menor arrecadação. “Mas o quadro deve se manter sem demissões”, complementa.
Atraso de repasses estaduais e federais à saúde:
– Farmácia Básica: atrasos desde 05/2014;
– Aquisição de fraldas: atrasos desde 02/2015;
– Saúde da Família: atrasos desde 08/2014;
– Saúde Bucal: atrasos desde 05/2015;
– Primeira Infância Melhor: atrasos desde 05/2015;
– Incentivo médico à saúde da família e comunidade: atrasos desde 01/2014;
– Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu): atrasos desde 10/2014;
– Unidade de Pronto-Atendimento (UPA): desde 07/2015;
* Dados fornecidos pela secretaria municipal de Finanças na metade de dezembro.
(Foto: Priscila Pilletti)