Grupo dá vida à trajetória de Cristo na Romaria à Cruz do Salgado

Dar vida a personagens que fizeram parte da trajetória que culmina na crucificação e ressurreição de Jesus Cristo é uma tradição que beira quatro décadas em Bento Gonçalves. As histórias épicas se juntam aos costumes locais, que têm a religiosidade enraizada desde a colonização, e o resultado é um grande envolvimento de quem participa e assiste às encenações de Páscoa. 

Após missa e procissão da paixão e morte de Cristo na Sexta-feira Santa, dia 25, na igreja Santo Antônio, o Morro da Cruz recebe a 39ª Romaria à Cruz do Salgado. De acordo com o padre Marciano Petrykovski, que coordena o grupo que encenará as passagens, o local estimula a devoção de muitas pessoas. “Quando os imigrantes italianos chegaram, eles colocaram a cruz no alto do morro, desde então é considerado um lugar sagrado”, afirma. “Muita gente vai lá não apenas na Semana Santa, para refletir e fazer suas orações”, acrescenta o padre. 

A dramatização iniciará em frente à igreja e incluirá cenas da vida de Cristo, como anúncio da vinda do Messias e batismo, para contextualizar o momento da crucificação. Cerca de 50 pessoas ensaiam semanalmente há cerca de dois meses para a peça. O sacerdote afirma que a preparação, no entanto, inicia ainda no ano anterior. “Temos o cuidado de manter a história fidedigna e, na minha opinião, estamos muito bem preparados neste ano”, garante.

A paixão, morte e ressurreição de Jesus é o que dá sentido à fé cristã, de acordo com Petrykovski. “Por isso, preparamos tudo com tanto carinho e entusiasmo. Queremos que as pessoas celebrem, sintam e vivam, não apenas assistam a cada cena e cada detalhe”, conclui.

Pôncio Pilatos

A Romaria à Cruz do Salgado passou a contar com a dramatização de Cristo em 1990. Desde então, um participante tem estado presente em todas as edições do evento: o mecânico Elói Parisotto, morador da Sertorina Alta. 

Inicialmente, ele interpretou diversos personagens aleatórios e, há 15 anos, dá vida a Pôncio Pilatos. Saber da importância de repassar uma mensagem ao público é o principal, para ele. “Tem que viver o personagem e o momento que está sendo encenado. Não tem como alterar a história, mas é preciso saber muito dela para não ficar só na decoreba”, afirma o mecânico. 

Aos 44 anos de idade, é um dos mais velhos a participar da encenação, que sempre foi vivida por grupos de jovens. “Faço isso há 26 anos porque gosto. Já me disseram para largar, mas fico feliz porque é bonito e as pessoas gostam”, acrescenta. 

Durante toda essa jornada, ele percebe uma queda no número de participantes e aponta a falta de incentivos financeiros. “Mas espero que essa tradição siga nos próximos anos e que se resgatem mais pessoas para participar”, conclui. 

39ª Romaria à Cruz do Salgado
Quando:
sexta-feira, dia 25, às 18h
Onde: concentração em frente à igreja São Pedro, do bairro Salgado, seguindo até o Morro da Cruz

(Foto: Priscila Pilletti)

 

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também