Grupo de Humanização do Hospital Tacchini: para que o amor seja contagioso

Esta é uma reportagem diferente, cujo principal objetivo não é reproduzir uma história contada por outras pessoas, mas fazer um relato depois de tê-la vivido. Na última sexta-feira, dia 29, tive a oportunidade de acompanhar voluntários do Grupo de Humanização do Hospital Tacchini em uma das ações semanais tradicionalmente promovidas na instituição. E, claro, entrei na brincadeira – que na verdade tem objetivos e resultados bem sérios – me fantasiando de boneca Emília, personagem marcante de Monteiro Lobato. Comigo estavam o Batman (primeiro super-herói “menino” a fazer parte do grupo), incorporado por Bernardo Maldini, auxiliar de Administração e Qualidade, a Chapeuzinho Vermelho, vestida pela assistente do setor de Qualidade e Gerenciamento de Riscos Cristina Franzen e o Dr. Palhaço, que ganhou vida através da enfermeira Ana Paula Silveira, gestora de processos Materno Infantil.

Em pouco mais de uma hora, pude perceber como um trabalho tão simples pode trazer resultados fantásticos e mudar o semblante tanto de crianças quanto de adultos, internados ou não, com uma atividade lúdica. Foi inevitável notar também que a postura sempre tão tensa de quem escolheu cuidar dos outros como profissão se dissolve em sorrisos quando o Grupo de Humanização aparece e dá “um abraço de dentro para fora”, através da entrega de um bombom ou bala. Além das visitas semanais como aquela da qual eu pude participar, percorrendo a ala da pediatria e as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátrica e neonatal, também acontecem atividades mensais com pacientes em tratamento no Instituto do Câncer (música e rodas de conversa, por exemplo) e ações em datas comemorativas – a próxima será alusiva ao Dia dos Pais – que englobam todos os andares de internação.
Aquela tarde mudou a minha forma de ver o funcionamento de um hospital e permitiu que eu me aproximasse da rotina de pessoas carentes. Carentes de amor, acima de tudo. Poucas coisas são tão tristes quanto o dia a dia de um hospital e as muitas histórias que surgem daqueles corredores, nem todas com um final feliz. E aliviar um pouco esse sofrimento, mesmo que seja por alguns minutos, garantindo um sorriso, é recompensador.

Como funciona o projeto
O Grupo de Humanização do Hospital Tacchini foi criado em 2006, dentro de um programa nacional desenvolvido pelo Ministério da Saúde. A mobilização vai além das atividades de descontração, visa também melhorar os serviços oferecidos e a qualidade de vida no ambiente de trabalho – é do Grupo a responsabilidade, por exemplo, de desenvolver campanhas como a do silêncio. “É preciso extrapolar a visão de um corpo doente. É preciso enxergar que, por trás dele, há uma pessoa querendo melhorar, cuidada por outra pessoa que também precisa de amor”, diz Silvana da Silva  Borsato, uma das coordenadoras. Em média, são 15 colaboradores dedicados à função voluntária, além de quatro pessoas de fora que integram o grupo.

Você também pode ajudar!
Existem várias formas de ajudar o Grupo de Humanização. Você pode doar balas, bombons, acessórios, fantasias, livros infantis e brinquedos, deixando na portaria do hospital aos cuidados do Grupo de Humanização, ou, ainda, ser voluntário. Para se tornar um membro fixo da equipe, é preciso contatar a Parceiros Voluntários de Bento Gonçalves, pelo telefone (54) 2105 1999. Se você quiser participar esporadicamente, seja contando histórias ou fazendo alguma apresentação específica, pode contatar diretamente o hospital.

Outros projetos
Existem diversos projetos em desenvolvimento. Um deles, chamado “Lenços do bem: doe um lenço e ganhe um sorriso”, mobilizou funcionários no final do ano passado para doarem lenços, bonés, chapéus e toucas, mais tarde repassados para pacientes da oncologia. Outra iniciativa, chamada Correio da Positividade, está em fase de implantação. A ideia é que familiares e amigos de pessoas internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) escrevam mensagens que serão lidas para os pacientes – além do incentivo e do carinho, a ação visa uma maior interação com quem está acamado, já que pelas novas regras o horário de visitação está restrito a duas pessoas.