Grupo de pais se mostra contrário à realocação de alunos do Salette

Colégio do Barracão foi interditado nesta semana por problemas estruturais. Receio dos pais é que reformas não sejam tratadas com prioridade após realocação dos alunos, ou até mesmo que escola seja fechada após transferência para o colégio Landell

Foto: arquivo pessoal

Um grupo de pais de estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Salette está reivindicando a permanência de seus filhos no bairro. O colégio foi interditado na última sexta-feira, 08/04, pelo Estado, após um laudo da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE) apontar problemas estruturais na edificação. Ainda na segunda-feira, 11/04, o coordenador da 16ª CRE, Alexandre Misturini, informou ao SERRANOSSA que o Estado estaria planejando a realocação dos estudantes ao colégio Landell de Moura a partir da próxima semana.

Entretanto, em conversa com a redação do jornal, alguns pais se mostraram contrários à medida. O principal motivo diz respeito ao receio do atraso na reforma após a transferência dos alunos. “Se tirarem nossos filhos daqui, a obra vai ser esquecida, como muitas coisas que prometem e não cumprem”, comenta a mãe de duas estudantes do Salette, de 11 e 8 anos. Outra, externa um receio ainda maior: do fechamento permanente da escola. “No momento que interditarem essa escola, ela vai fechar. E eu acho uma grande injustiça. A comunidade precisa da escola”, desabafa.

A mesma mãe acredita que a medida de interdição tenha pretensões políticas, tendo em vista que, há tempos, pais e colaboradores do Salette vinham solicitando reformas. “Esses problemas [estruturais] não surgiram agora”, afirma. “Outro fato que precisa ser esclarecido é que a interdição foi feita por uma arquiteta. Um arquiteto não pode interditar, apenas engenheiro. E esse engenheiro [do Estado] não compareceu. E nem sabemos quando virá”, revela. Em áudio enviado ao SERRANOSSA na segunda, o coordenador da 16ª CRE comentou que a interdição teria sido feita por um engenheiro.

Outra questão apontada pelos pais diz respeito à adaptação dos estudantes. “As crianças vêm de dois anos de pandemia, quando precisaram mudar todos os seus hábitos. Agora, se forem transferidos para uma escola diferente e maior, precisaram de mais um tempo de adaptação. Não será legal para eles”, afirma uma das mães entrevistadas.

Dessa forma, os pais acreditam que a melhor alternativa para as crianças, no momento, é serem realocadas para o salão da comunidade, onde já há salas disponíveis para a catequese. Além disso, algumas estruturas da escola não estariam comprometidas, podendo também ser utilizadas temporariamente, até que as reformas fossem concluídas.

O SERRANOSSA entrou em contato com o coordenador Alexandre Misturini para obter um posicionamento sobre o assunto, mas não teve retorno até a publicação desta matéria.

Conversas com a comunidade e com o Estado

Na noite de terça-feira, 12/04, a equipe diretiva da escola Salette, juntamente com o CPM e o conselho escolar realizou uma reunião para debater o assunto. Já nesta quinta-feira, 14/04, as conversas serão com a 16ª CRE, para explanar os receios por trás da transferência dos estudantes. “A escola precisa ter voz, os pais precisam ter voz. A gente luta muito para ter uma escola bacana para nossos filhos”, comenta uma mãe. “A gente precisa que as autoridades entendam [nossa solicitação] e que nos deem essa reforma com urgência”, complementa outra.