Há sabedoria no silêncio

Parece antagônica essa colocação, quando vinda de alguém que, semanalmente, ocupa este espaço para tentar dizer algo para você. Mas, sim, há mais sabedoria no silêncio!

Antagonismo que deita em duas camas, a saber: a primeira porque a informação vem do discurso e não do silêncio; e a segunda, por óbvio, pelo simples fato de meus textos sempre tentarem dizer alguma coisa para você. Eu creio, todavia, que algumas entrelinhas ou lacunas foram, sim, lidas por você como silêncio. E nos exatos momentos em que eu me silencio, justamente para que o silêncio dentro de você faça barulho.

E quem diz isso aqui a você é alguém que, antigamente, em um passado não tão distante, não admitia não ter uma resposta. Aliás, o “não” dificilmente seria aceito como uma resposta final, definitiva e sem uma tentativa de argumentação e convencimento do contrário. A menos que a resposta que eu quisesse fosse, realmente, o “não”…

Hoje, porém, creio que meu silêncio, cuja prática tento exercitar todos os dias, é algo valioso. E conquistado a muitos golpes de maço. 

Aliás, uma verdade tem que ser dita: normalmente as pessoas que guardam silêncio são aquelas que mais têm a dizer. São aquelas que, enquanto o outro fala, sabem processar a informação e com ela construir uma ideia correta daquilo que está sendo dito. Afinal, ouvir é bem diferente de escutar. Falando também, interrompendo, ouvimos. Em silêncio, escutamos e processamos as informações vindas.

Confesso que, quando o silêncio não me era tão caro, não entendia o que e como as pessoas que meditam ficavam fazendo lá, em silêncio, por algum tempo. E como conseguiam. E para que diabos, afinal, faziam aquilo.

Hoje, por outro lado, eu admiro essas pessoas. Mais ainda, fico me perguntando se um dia conseguirei meditar como alguns, que, mesmo com o mundo caindo ao redor, conseguem manter a serenidade de sua cognição e, com isso, encontrar a melhor resposta para tudo. Ou, pelo menos, aquela que para eles parece ser a melhor resposta para tudo.
Hoje, pelo menos, fui consolado por alguém que tem me ensinado muito sobre o poder do silêncio, do eu, e de saber que as coisas são como elas são, e que, assim, está tudo bem: para meditar, não preciso simplesmente estar em silêncio, sentado em posição de Budha, com as mãos viradas com as palmas para cima e os dedos se tocando. Basta, disse ela, que eu esteja conectado comigo mesmo, não importando como.

E tudo isso eu ouvi dela, em silêncio…

Até a próxima!

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