Na semana passada, o atendimento em uma lotérica de Bento Gonçalves rendeu um Boletim de Ocorrência (BO) e uma reclamação no Procon Municipal, após o relato de uma situação de constrangimento vivida pelo cliente Selomar Carmo da Silveira. Na ocasião, o vigilante procurou o estabelecimento para fazer um jogo de R$ 6,00, o qual iria pagar com o seu cartão. Entretanto, por não ter um documento com foto, o serviço foi negado pela atendente. “Achei estranho porque nunca tinham me pedido documento para pagar com cartão e frequento seguidamente aquela lotérica”, conta. Devido ao inconveniente, Selomar foi até um caixa eletrônico para retirar o valor de R$ 10,00 e efetuar o pagamento do jogo.
Mais tarde, entretanto, ele precisou fazer um saque de R$ 20,00 para sua esposa e se dirigiu até a mesma lotérica. “Lembrei que tinha minha CNH Digital no celular e apresentei o documento à atendente. Ela continuou insistindo que eu precisava de um documento físico e não me deixou fazer o saque”, relata o vigilante.
Selomar revela que, além do constrangimento, sentiu que a forma como estava vestido e sua cor de pele influenciaram no atendimento das atendentes do estabelecimento. “Registrei Boletim de Ocorrência e fiz uma reclamação no Procon, porque não quero que outras pessoas passem o mesmo constrangimento”, comenta.
Em contato com o Procon Municipal, foi informado que a CNH Digital poder ser sim aceita como documento oficial. “As novidades tecnológicas, como documentos digitais e etc, devem servir como meios práticos no intuito de facilitar as rotinas e práticas do consumidor, ainda mais em tempos de pandemia”, acredita o assessor de políticas públicas do consumidor, Maciel Giovanella. O assessor ainda afirma que, com base no relato do cliente, foi feita a notificação do estabelecimento, a fim de apurar os fatos descritos.
Em contato com a lotérica mencionada, foi informado ao jornal SERRANOSSA que o estabelecimento segue orientações da Caixa Econômica. A gerente da lotérica ainda afirmou que, para validar a CNH Digital, é necessário ter o aplicativo para fazer a leitura do QR Code presente no documento. Na ocasião, o estabelecimento ainda não havia baixado o aplicativo. Questionada sobre o motivo pelo qual o aplicativo ainda não havia sido baixado, a gerente argumentou que o manuseio depende de uma boa conexão de internet, o que não é constatado no estabelecimento, e que essa teria sido a primeira vez que um cliente solicitou atendimento com o documento digital.
A Caixa Econômica Federal ainda não se manifestou oficialmente sobre o fato, mas fontes da agência revelam que o aplicativo não é obrigatório nesses estabelecimentos e que cabe a cada uma das lotéricas decidir por aceitar, ou não, o documento digital.