Homicídios em Bento têm redução de 66% no primeiro semestre

Bento Gonçalves encerrou 2018 e 2019 com uma triste marca histórica: 104 mortes violentas ao longo dos dois anos. O dado colocou o município nas manchetes de jornais de todo o Estado como uma das 10 cidades gaúchas com a maior taxa de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência de 2019. Em 2020, entretanto, esse número apresentou uma importante queda. De 01/01 até 30/06 foram registradas 16 mortes violentas, sendo 14 investigadas como homicídio, equivalente a uma redução de 66% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Em 2019, foram 24 mortes violentas no mesmo período, sendo 21 homicídios. Desses, 87,5% eram homens, com idade média de 26 anos. Neste ano, os homens representam 100% das vítimas, com idade média de 29 anos. Entre eles, esteve o menino Felipe Martins Garcia, de 6 anos, morto em um residencial localizado no bairro Ouro Verde. 

De acordo com o comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT), tenente-coronel Paulo César de Carvalho, no primeiro semestre deste ano foram registradas quedas em praticamente todos os crimes, especialmente roubos, furtos e homicídios.  “A única exceção foi ao roubo a residência, que registrou 3 ocorrências a mais em comparação ao mesmo período do ano passado. Todavia, nos termos do programa estatístico da Brigada Militar denominado AVANTE, conseguimos manter o controle”, afirma. 


 

Em relação aos homicídios especificamente, o comandante afirma que as ações de combate a crimes como roubo, furto e, principalmente, tráfico de drogas, contribuíram com a redução no número de homicídios. “O trabalho intenso da Brigada Militar, inicialmente através de uma análise detalhada dos crimes para auxiliar no diagnóstico do problema e assim executar ações pontuais de prevenção e repressão qualificada, aliada a inúmeras abordagens em locais estrategicamente definidos pelo setor de Inteligência, culminou na diminuição dos indicadores criminais. Tais abordagens e ações resultaram no aumento de prisões por tráfico de drogas e por descumprimento de penas alternativas (dentre as quais, as prisões domiciliares), o que contribuiu para a diminuição da criminalidade”, analisa. 

Sobre as mortes violentas

Das 16 mortes violentas registradas no primeiro semestre deste ano em Bento Gonçalves, apenas 5 tiveram seus autores identificados até o momento. Uma delas, de um homem encontrado carbonizado em Tuiuty, no interior do município, ainda segue sem a identificação da vítima. “Falta material para confronto genético. Pedimos que, caso alguém tenha familiares desaparecidos, procure a 1ª DP”, comenta a delegada da 1ª Delegacia de Polícia (1ªDP), Maria Isabel Zerman Machado. As demais mortes seguem sendo investigadas pela Polícia Civil. 


Os casos já elucidados 

Ezequiel Barreto Ribeiro

No dia 09/04 a Polícia Civil de Bento Gonçalves, por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, remeteu ao Poder Judiciário o inquérito policial indiciando o autor do assassinato cometido em fevereiro, no bairro Zatt. Ezequiel Barreto Ribeiro, de 25 anos, foi morto a tiros na rua João Domingos Polli. Ele chegou a ser socorrido por familiares e encaminhado ao Hospital Tacchini, mas não resistiu aos ferimentos. 

De acordo com a delegada Maria Isabel Zerman Machado, o autor dos disparos, de 20 anos, já possuía antecedentes policiais por homicídio, porte de arma e tráfico de drogas. Ele está sendo indiciado por homicídio qualificado, por utilizar recursos que dificultaram a defesa da vítima. Ainda segundo a delegada, ele teve a prisão preventiva decretada, mas foi revogada pelo Poder Judiciário recentemente. Atualmente, ele continua preso preventivamente em relação a outro processo.

Bruno Alves

O autor dos disparos que tiraram a vida do jovem Bruno Alves, de 20 anos, se apresentou à Polícia Civil um dia após o crime. O fato aconteceu na noite do dia 23/02, na rua João Fedrigo, bairro São João, após uma desavença entre vizinhos. De acordo com a delegada Maria Isabel, o responsável pelos disparos tem cerca de 50 anos e era vizinho da vítima. Além de Bruno, seu pai de 43 anos também foi atingido pelos disparos. O autor dos disparos está respondendo em liberdade pelo crime, devido ao fato de não possuir antecedentes criminais, ter endereço fixo e trabalho.

Sérgio Szczepanik 

Na noite de 01/04, Sérgio Szczepanik, de 51 anos, foi encontrado morto em uma residência no bairro Fátima, após policiais militares terem se deslocado até o endereço para atender a uma ocorrência de violência doméstica. Na ocasião, a companheira da vítima, de 53 anos, havia informado às autoridades que o homem teria se matado. Entretanto, segundo o delegado Álvaro Pacheco Becker, a informação foi contestada pelo médico legista do Instituto Médico Legal (IML) e o caso passou a ser investigado pela 2ª DP. A mulher foi indiciada por homicídio, mas está respondendo em liberdade.

Luís Fernando Zilli e Reni Alves da Silva

Dois homens acusados de tráfico de drogas foram mortos em um confronto com a Brigada Militar no dia 15/05, na localidade do KM2, linha Passo Velho, interior de Bento Gonçalves. De acordo com o 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT), durante patrulhamento de rotina, a guarnição da Força Tática deparou-se com os dois indivíduos, que estavam armados com uma pistola e um revólver e carregavam grande quantidade de drogas. Ainda segundo a BM, eles desobedeceram ao comando de abordagem e atiraram contra a guarnição. Os policiais reagiram e os dois homens foram mortos. 

Eles foram identificados como Luís Fernando Zilli, 39 anos, e Reni Alves da Silva, de 40. Zilli tinha antecedentes por lesão corporal, furto, posse de drogas, tráfico e porte de arma. Já Reni era tido como um dos principais líderes da facção criminosa "Os Abertos". Com diversos antecedentes graves, incluindo 4 homicídios. Ele havia sido preso em setembro do ano passado, junto com outras quatro pessoas em uma operação que apreendeu drogas, armas, munições, câmeras de videomonitoramento e dois veículos. Entretanto, acabou solto pela Justiça.

Foto: Getty Images/BBC Brasil

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