Ideb: o segredo é a leitura
Enquanto o Rio Grande do Sul teve melhora em todos os níveis de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, Bento Gonçalves não mostrou o mesmo desempenho. De acordo com os dados divulgados na última sexta-feira, dia 5, a rede pública da cidade segue com a mesma nota (6.0) registrada em 2011 nas séries iniciais (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental) e teve queda de 4.5 para 4.2 nas séries finais (do 6º ao 9º ano). Nas séries iniciais da rede estadual, houve um pequeno avanço – de 5.8 para 6.0 –, mas a nota das séries finais se manteve em 4.1. Na municipal, houve queda nas séries iniciais – de 6.1 para 6.0 – e também nas finais – de 5.3 para 4.3. O Ideb é calculado a partir da taxa de rendimento escolar (aprovação) e das médias de desempenho em exames padronizados aplicados pelo Ministério da Educação.
Alguns índices preocupam. Das 14 escolas municipais avaliadas, apenas uma alcançou a meta estipulada para as turmas de 6º a 9º ano. Já nas iniciais, o desempenho foi melhor: das 16 escolas, 10 atingiram a meta. Na rede estadual, se avaliadas as séries iniciais, 8 das 16 escolas que realizaram a prova atingiram a meta, enquanto apenas 3 entre as 14 escolas avaliadas nas séries finais.
Crescimento
De forma geral, nas séries iniciais da rede municipal metade das escolas aumentou suas notas, embora nem todas tenham atingido a meta, e outra metade diminui. Nas séries finais, os dados impressionam: nenhuma escola obteve melhora em seu desempenho. A Escola Agostino Brun, por exemplo, teve queda de 6.1 para 4.2, enquanto a nota da Noely Clemente de Rossi caiu de 5.7 para 3.7. Já na rede estadual, tanto nas séries inicias quanto nas séries finais, metade obteve crescimento e outra metade apresentou queda.
Escolas destaques
Da rede municipal, séries iniciais, quem se destacou foi a escola Doutor Tancredo de Almeida Neves, que passou de 6.5 para 7.2, obtendo a melhor nota em todos os níveis da educação municipal de Bento. Nas séries finais, a escola que mais se destacou foi a Anselmo Luigi Piccoli, que obteve 5.4.
Já na rede Estadual, quem obteve a melhor nota nas séries iniciais foi a Escola José Farina, que passou de 6.9 para 7.3. Nas séries finais, o destaque foi para a Escola Luiz Fornasier, que pulou de 4.2 para 5.1.
16ª CRE e Smed
De acordo com o titular da 16ª Coordenadoria Regional Educação (CRE), Ênio Eliseu Ceccagno, as escolas estaduais de Bento respeitam a mesma política do Estado nas diretrizes da educação. “O que percebemos é que tivemos avanços nas séries iniciais, principalmente porque ocorreu uma reestruturação curricular que possibilitou maior capacitação dos professores, mais estrutura para as escolas, entre outros benefícios, que contribuem com os resultados finais”, explica. Já o discreto desempenho das redes estaduais nas séries finais é justificado pelo fato de a citada reestruturação ainda não ter chegado para estas turmas. “A educação caminha para melhorar cada dia mais. Certamente, no próximo Ideb, o desempenho será melhor”, garante Ênio.
A secretária de Educação de Bento Gonçalves, Iraci Luchese Vasques, afirma que o resultado do Ideb foi satisfatório uma vez que os anos iniciais ficaram acima da meta para 2013. “Por outro lado, ficamos abaixo das metas dos anos finais. Acreditamos que esse resultado se deu porque as turmas de 8ª série que foram avaliadas em 2013 são as remanescentes do Ensino Fundamental de 8 anos que se extinguiu neste período. Os alunos foram aprovados ou promovidos. Também neste período foi extinta a recuperação paralela extraclasse, que era um mecanismo de apoio aos alunos que estavam apresentando dificuldades em virtude da implantação da redução de um terço da carga horária do professor”, justifica. Assim como na visão da 16ª CRE, Iraci acredita que haverá melhora. “Com a uniformidade do Ensino Fundamental de 9 anos de duração e com as capacitações continuadas, dos gestores e professores, cujo objetivo é enriquecer o fazer administrativo e pedagógico, na próxima avaliação os índices serão melhores”, projeta. Para isso, alguns projetos devem auxiliar, de acordo com a secretária. “Concomitantemente, estamos investindo no desenvolvimento de projetos que proporcionam aos professores e aos alunos vivências significativas que contribuem no processo de construção da aprendizagem nos anos iniciais, tais como ‘Olhar atento: Ciências para vida’, ‘Um Olhar Encantador sobre Bento Gonçalves’, ‘Leituras: entre a Caixa de Ferramentas e a Caixa de Brinquedos’. Outro fator que irá contribuir na melhora do índice é a adesão do município ao Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa”, enumera. Ainda conforme a Smed, a meta para os anos iniciais da rede municipal era 5.6 e foi atingida (o ideb ficou em 6.0), enquanto que a meta das séries finais era de 4.9 e não foi atingida (4.3).
As melhores notas
Rede municipal
séries iniciais
Doutor Tancredo de Almeida Neves: 7.2
Professora Vânia Medeiros Mincarone: 6.9
Alfredo Aveline: 6.6
Lóris Antônio Pasquali Reali: 6.5
Rede municipal
séries finais
Anselmo Luigi Piccoli: 5.4
Alfredo Aveline: 5.1
Doutor Tancredo de Almeida Neves: 4.9
Ernesto Dorneles: 4.8
Rede estadual
séries iniciais
José Farina: 7.3
Luiz Fornasier: 6.7
Cecília Meireles: 6.7
Egídio Fabris: 6.4
Rede estadual
séries finais
Luiz Fornasier: 5.1
Mestre Santa Bárbara: 5.0
Comendador Carlos Dreher Neto: 4.9
Cecília Meireles: 4.5
O segredo da melhor colocada
Com a melhor média na rede municipal de Bento Gonçalves, a EMEF Doutor Tancredo de Almeida Neves, localizada no bairro São Vendelino, atribui os bons resultados ao incentivo ao hábito da leitura. A escola vem aumentando suas notas a cada divulgação do índice. Nas séries iniciais, passou de 5.1, registrados em 2007, para 7.2, em 2013. “Uma vez por semana todas as turmas, do Jardim ao 8º ano, reservam um horário para a leitura silenciosa em sala de aula. Eles podem escolher livros de cestos que passamos de sala em sala, podem retirar na biblioteca e, inclusive, trazer de casa. O importante é dedicar esse tempo somente para a leitura”, explica a diretora, Nelita Maria Zanovelo. Os professores também leem para os alunos contos, fábulas, notícias e piadas, entre outros gêneros. Além disso, buscam qualificação constante através da participação em programas do governo, como o Pró-letramento em Matemática e o Pacto pela Alfabetização na Idade Certa (Paic).
A participação dos pais também é considerada importante para o bom desenvolvimento do aluno. “Hoje, 70% dos pais contribuem com a verba para a o CPM (Círculo de Pais e Mestres) e isso tem proporcionado ainda mais investimentos na escola”, afirma a diretora. Segundo ela, esses recursos garantirão que todas as salas de aulas tenham televisores em breve. A prefeitura também está investindo em reformas, como a troca do telhado, e instalou onze câmeras de videomonitoramento recentemente.
Como o Ideb é calculado
O Ideb é calculado a partir de dois componentes: taxa de rendimento escolar (aprovação) e médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente. As médias de desempenho utilizadas são as da Prova Brasil (para escolas e municípios) e do Saeb (para Estados e em nível nacional).
Reportagem: Raquel Konrad
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