Idosa de 90 anos é a primeira a ser vacinada contra a Covid-19 no Reino Unido

A idosa de 90 anos Margaret Keenan foi a primeira pessoa no Reino Unido a receber a vacina contra o coronavírus nesta terça-feira (08/12). O imunizante da Pfizer/BioNtech foi administrado pela enfermeira May Parsons no Hospital Universitário de Coventry. Os britânicos agora esperam que a substância marque uma virada na luta contra a Covid-19. 


 

O governo britânico decidiu dar prioridade a idosos, seus cuidadores e profissionais de saúde na campanha de vacinação, iniciada às 8h (5h no horário de Brasília) desta terça-feira, chamado pelo ministro da Saúde, Matt Hancock, como "dia V", de vacina ou de vitória.

"A vacina que o Reino Unido começou a aplicar nesta terça-feira em sua população faz uma enorme diferença na luta contra a pandemia", afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson, que, no entanto, pediu que os britânicos não baixem a guarda. "É incrível observar a vacina, é incrível ver este tremendo impulso para toda a nação, mas não podemos relaxar", declarou. Ainda "não derrotamos o vírus", destacou durante uma visita a um hospital de Londres.

O Reino Unido, país mais afetado da Europa pela pandemia, com mais de 61,4 mil mortes confirmadas, é o primeiro Estado ocidental a autorizar o uso de uma vacina contra a Covid-19.  A Rússia começou a administrar sua vacina, denominada Sputnik V, no fim de semana passado e a China também utiliza uma vacina experimental em um grupo reduzido da população. Nos Estados Unidos e na União Europeia, as respectivas agências reguladores de medicamentos devem anunciar as aprovações em breve.

Cinquenta hospitais receberam nos últimos dias as primeiras 800 mil doses da vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech, a única autorizada até o momento pela agência reguladora do Reino Unido, que chegaram de laboratórios na Bélgica.

Corrida de fundo
A campanha britânica acontecerá em um primeiro momento apenas em hospitais devido à necessidade de armazenar a vacina da Pfizer/BioNTech em temperatura muito reduzida, entre -70ºC e -80ºC. Em uma segunda etapa serão estabelecidos mil centros de vacinação, de ambulatório a centro esportivos, anunciou Hancock.

Na chegada, as doses foram retiradas das caixas cheias de gelo seco por técnicos farmacêuticos e colocadas em congeladores especiais. "Saber que estão aqui e que estamos entre os primeiros do país a receber a vacina e, portanto, os primeiros do mundo, é simplesmente incrível", afirmou Louise Coughlan, farmacêutica-chefe do hospital universitário de Croydon, no sul de Londres.

A vacinação acontecerá de acordo com uma ordem de prioridades que começa com residentes e funcionários de casas de repouso, profissionais de saúde e pessoas com mais de 80 anos. Depois, o programa seguirá por faixas etárias regressivas até os maiores de 50 anos. As autoridades já alertaram que a maior parte da campanha de vacinação acontecerá em 2021.

O Executivo espera vacinar todas as pessoas vulneráveis até abril, mas isto dependerá do ritmo de entrega das próximas doses da vacina. Será "uma corrida de fundo e não de velocidade" alertou o diretor-médico da saúde pública britânica, Stephen Powis. 

A rainha e seu marido
O Reino Unido pediu 40 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech, suficientes para 20 milhões de pessoas porque cada indivíduo deve receber duas doses com 21 dias de diferença. O número representa menos de um terço de sua população (66,5 milhões), mas o país conta com a autorização em breve de outras vacinas, incluindo a da americana Moderna e, especialmente, a britânica da AstraZenaca/Oxford.

Desta última, as autoridades de saúde britânicas reservaram 100 milhões de doses – uma vez autorizada para seu uso e produzidas – e como esta pode ser armazenada a uma temperatura de entre 2ºC e 8ºC, a distribuição deve ser mais simples.

O sucesso da campanha de vacinação é crucial para o governo de Boris Johnson, muito criticado desde o início da pandemia por suas políticas erráticas e que agora enfrenta protestos dentro de seu partido (Conservador) contra as severas restrições locais, que entraram em vigor em 2 de dezembro após o fim do segundo confinamento.

Para lutar contra as dúvidas de alguns britânicos a receber a injeção, a rainha Elizabeth II, de 94 anos, e seu marido, o príncipe Philip, de 99, podem ser vacinados em público nos próximos dias. 

 

Informações e imagem:AFP