Igreja Santo Antônio: fé e história restauradas

Daqui a alguns dias, quando o Santuário Diocesano de Santo Antônio for plenamente reentregue à comunidade bento-gonçalvense após o restauro que durou sete anos, uma das pessoas que poderá se orgulhar de ter participado da revitalização do principal berço da religião católica no município é Jarcísio Mezzaroba. Foi pelas mãos dele, restaurador de móveis há quase três décadas, que passaram todos os bancos da igreja, além de alguns móveis da sacristia e o confessionário. 

Da oficina de Mezzaroba, no bairro Progresso, as peças saíram com vida renovada, prontas para encarar mais um longo período de uso pelos fiéis que frequentam o local de oração e devoção. “Agora, pode ter certeza que eles vão durar pelo menos mais uns 30 anos. E como o médico me disse que vou viver até os 120, vou poder cuidar deles de novo, se precisar”, brinca o profissional, orgulhoso de ter contribuído para renovar a estrutura do santuário. 

Na hora de explicar como foi o processo de recuperação dos móveis, entretanto, Mezzaroba não revela todos os segredos: conta como retirou as camadas antigas que estavam acumuladas sobre a madeira, com removedor e jatos de areia e água, mas esconde a fórmula do “verniz especial” que utilizou no acabamento e que vai ajudar a reduzir as marcas do tempo. “Eu gosto do que faço, porque as pessoas me dizem que é um trabalho de artista. Quando a gente vê como ficou, vale a pena”, conclui.


Resgate

O padre Izidoro Bigolin afirma que o restauro resgatou, na medida do possível, elementos históricos da construção, que já tem 120 anos e passou, ao longo desse tempo, por várias intervenções. “Tentamos ao máximo recuperar estes aspectos de originalidade”, destaca o religioso, citando como exemplo os desenhos aplicados nas colunas. Entre os poucos trabalhos que ainda serão realizados, está a limpeza do piso da igreja.

No caso das pinturas aéreas laterais, que ilustram milagres de Santo Antônio, as imagens foram retrabalhadas e, em algumas situações, tiveram parte das cenas revistas, como também pela necessidade de refazer algumas proporções expressas. Em 2008, uma representação de Imaculada Conceição assinada por Paolo Balestreri em 1912 foi descoberta em uma pintura sobre o altar, que estava oculta há várias décadas por outras camadas de tinta e uma pequena parede de tijolos, provavelmente por reformas entre os anos de 1960 e 1980.


Programação

No dia 15, será apresentada a prestação de contas da captação de recursos realizada por meio de leis estadual e federal de incentivo à cultura e o detalhamento das etapas executadas. Para a data, também estão programadas homenagens aos festeiros de 2013 e os festeiros jubilares de 1989.

No dia 31, será a vez de tornar públicos os demais aportes de verbas, feitos com patrocínios privados e doações da comunidade. Na ocasião, está prevista a realização de um show para reinauguração do santuário revitalizado e a abertura da Trezena.

Histórico do santuário

A primeira construção da igreja Santo Antônio, ainda em 1876 – um ano após a chegada dos imigrantes italianos à então colônia Dona Isabel – era de madeira, obra de Giuseppe Giovanini. No ano seguinte, foi erguida uma segunda capela, de pedras e tijolos.

Em 1890, seis anos após a fundação da paróquia, começou a construção da terceira versão da igreja. Na época, quem estava à frente dos trabalhos era Giovanni Menegotto, sacerdote de Pádua, Itália, que chegou à região em 1878, ano da primeira festa do padroeiro. A construção terminou em 1894.

Uma ampliação realizada entre 1922 e 1923, serviu como base para a estrutura mantida até os dias atuais, à exceção da torre, erguida em 1933. No ano seguinte, 1934, foram celebrados os 50 anos da paróquia e a igreja passou de Matriz para Santuário Diocesano de Santo Antônio.

Fonte: “Memórias: Bento Gonçalves”, da historiadora Assunta De Paris

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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