Improviso perigoso nas obras da PEC

A Praça dos Esportes e de Cultura (PEC), no bairro Ouro Verde, integrará em um só espaço programas e ações culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços sócio assistenciais e políticas de prevenção à violência e inclusão digital. Por enquanto, no entanto, tudo isso está apenas no papel, e a morosidade na execução do projeto motivou um improviso arriscado de moradores que perderam a principal área pública do bairro para a prática de esportes.

As obras da PEC iniciaram em 2012, na gestão Lunelli, sobre um terreno onde havia um campo de futebol. “Crianças, adolescentes, mais velhos, todos jogavam. O campo estava sempre cheio, o pessoal se organizava e jogava, sem pagar nada. Quando começaram as obras, sobrou a cancha de areia, mas é um espaço muito pequeno para todos”, relata o morador do bairro, Jorge Nunes.

As obras já estão paradas há mais de um ano e, diante da falta de perspectiva de uma conclusão, moradores resolveram improvisar. Limparam uma área com mato e materiais de construção já deteriorados e viabilizaram um espaço para jogar futebol, que rapidamente passou a ser ocupado, sobretudo nos finais de semana. Entretanto, está longe de ser um local seguro e apropriado. Ao lado do campo improvisado, há vários buracos abertos no início das obras, alguns de aproximadamente dois metros de altura e que ficam cobertos de água quando chove. Volta e meia a bola cai em um deles e alguém se arrisca, entra no local e a recupera. Quando os buracos estão com água, um pedaço de madeira ajuda a puxar a bola para a margem. A linha lateral divide os buracos e o campo improvisado, mas mesmo assim, moradores se arriscam e a “pelada” é rotineira.

O principal motivo para a estagnação do projeto foi um termo de paralisação de obra ordenado pelo ex-prefeito Roberto Lunelli, após as eleições de 2012, conforme consta no processo. A partir daí, a empresa contratada ficou sem receber e, com os trabalhos paralisados, teve alguns de seus materiais furtados no local. Segundo o secretário municipal da Juventude, Esporte e Lazer, Gustavo Sperotto, a prefeitura tentou acordo com a empresa para que a construção fosse retomada, mas não obteve sucesso. A única alternativa, então, foi indenizá-la do prejuízo – cerca de R$ 70 mil – e quebrar o contrato para efetuar uma nova contratação. A primeira licitação ocorreu no dia 07 de janeiro, no entanto, não houveram interessados, assim como na segunda, realizada no último dia 21. Conforme a lei, após duas licitações desertas é possível efetuar a contratação direta de uma empresa, e pelos menos três interessados estão em conversações com a prefeitura no momento. O contrato prevê a construção da Praça no período máximo de seis meses e a expectativa do secretário é que tudo esteja pronto no máximo até o final deste ano. Em função da longa paralisação, tudo o que foi feito até agora não poderá ser aproveitado e, dessa forma, a nova executora das obras terá que começar do zero.

Enquanto isso, Sperotto afirma que não pode fazer nada para evitar que a comunidade utilize o espaço, mesmo que de forma improvisada e perigosa. Ele frisa que o objetivo é contratar a empresa o mais rápido possível para que toda a área seja cercada e apenas trabalhadores tenham acesso ao local. “Olha a incoerência, temos o dinheiro, queremos fazer a obra, mas não temos quem trabalhe. A gente está tentando desatar os nós e fazer tudo da forma correta. Eu compreendo a comunidade, mas precisamos respeitar os processos”, ressalta.

Projeto de quase R$ 2 milhões

As Praças dos Esportes e da Cultura (PEC) integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) do Governo Federal, com três modelos diferentes para áreas com 700 m², 3.000 m² e 7.000m². Em Bento, será construído o segundo modelo, com salas multiuso, biblioteca, telecentro, cineteatro/auditório com 60 lugares, quadra poliesportiva coberta, pista de skate, equipamentos de ginástica, playground e pista de caminhada. 

O custo total é de R$ 1.734.255,67, com contrapartida de R$ 69.862,59 do município. A prefeitura ainda busca recursos para construção de um campo de futebol sete ao lado da Praça. 

 

Reportagem: João Paulo Mileski

 

É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também