Instituto-Geral de Perícias identifica falsificação em álcool gel 70% no RS
O Departamento de Perícias Laboratoriais do Instituto-Geral de Perícias (IGP) identificou a falsificação de álcool gel 70% em amostras apreendidas em quatro municípios do Estado. As análises mostraram que, em média, 65% do material recolhido era impróprio para o uso. Em alguns casos, as substâncias continham apenas 16% de álcool gel, muito abaixo do necessário para que o produto seja eficaz no combate ao coronavírus.
Conforme o IGP, as amostras analisadas não apresentavam embalagens nem rótulos comerciais, apenas etiquetas nas quais estava escrito "Álcool gel".
A análise de produtos que eram fabricados na zona norte de Porto Alegre, por exemplo, mostrou que oito das doze amostras das substâncias aprendidas não possuíam 70% de álcool em sua fórmula, tornando o material ineficaz para a higienização. Pela legislação, a concentração precisa ficar entre 60% e 80%, para álcool líquido, e 70% para álcool gel.
Em frascos de álcool gel apreendidos pela Polícia Civil de Guaíba foram encontrados entre 28% e 35% de álcool. Desde março, foram confiscados mais de três mil litros de álcool líquido e gel sem procedência em todo o Estado.
A perícia também tenta identificar qual o tipo de álcool foi empregado na confecção dos materiais apreendidos. Há suspeita do uso de cachaça e de combustível etanol.
Segundo o Diretor do Departamento de Perícias Laboratoriais, Daniel Scolmeister, um dos componentes usados na produção do produto está em falta, até mesmo no mercado internacional. O contato dessa substância irregular com a pele pode causar irritações e até mesmo alergia.
Segundo o Departamento de Perícias Laboratoriais, para evitar a exposição a materiais falsificados, o consumidor deve ficar atento à embalagem do produto. Nela devem conter informações como nome do fabricante, data de validade, número de lote e farmacêutico responsável pela composição. "Se o álcool não estiver nessa concentração, o consumidor vai estar levando gato por lebre. Só o álcool 70% é capaz de eliminar esse microorganismo", exemplifica Scolmeister.
O procedimento de análise do material chama-se cromatografia gasosa. Nele, o álcool é evaporado e usado em um processo que identifica as substâncias contidas na fórmula. Este procedimento nunca havia sido realizado em álcool gel pelo Laboratório – o que sugere que este é um tipo de adulteração surgido em função da pandemia – e precisou de adaptação para garantir a eficácia da análise.
Fonte: IGP