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Intérpretes proporcionam mais acessibilidade a eventos de grande porte em Bento

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144ª Festa de Santo Antônio e 30ª ExpoBento contaram com intérpretes de Libras em missas e peças teatrais, respectivamente. “É algo inédito, principalmente na igreja católica, que estávamos solicitando há bastante tempo”, diz presidente da associação dos Surdos de Bento, Daniela Flamia

Junho foi marcado por grandes e tradicionais eventos em Bento Gonçalves, como a 144ª Festa de Santo Antônio e a 30ª ExpoBento. Mas além de trazer entretenimento, movimentar a economia e fortalecer a fé dos católicos do município, os dois eventos em questão tiveram destaque pela acessibilidade que proporcionaram.

Nos dias 05/06, 06/06 e no dia festivo do padroeiro, 13/06, as celebrações religiosas da 144ª Festa de Santo Antônio foram marcadas pela presença de uma intérprete de libras. A iniciativa já havia sido feita no ano passado, mas em apenas uma celebração, a missa festiva. Neste ano, contando com a presença de escolas e entidades de inclusão do município e tendo como um dos temas principais a Educação, a paróquia Santo Antônio decidiu ampliar a ação.
“As próprias intérpretes e o pessoal da associação [de Bento] dizem que tem surdos no município que acabam indo para outras igrejas por conta da falta de tradução. Então a gente sabe a importância disso para a comunidade e estamos buscando aprimorar cada vez mais”, comenta a assessoria da paróquia.

A ideia, conforme a assessoria, é disponibilizar ao menos uma missa semanal com tradução em Libras no futuro. Entretanto, o projeto ainda depende de estudos e análises dentro da paróquia. “Estamos nos organizando para entender a viabilidade dessa proposta”, afirma.

Já na ExpoBento, considerada a maior feira multissetorial do país, há três edições as peças teatrais contam com uma intérprete de Libras. Neste ano, de acordo com a organização do evento, as oito apresentações foram traduzidas por intérpretes, entre elas Stephanie Araldi Cruzetta, que possui uma empresa de ensino, tradução e interpretação em Libras. Ela também foi responsável pelas traduções nas celebrações de Santo Antônio.

“É algo inédito, principalmente na igreja católica, que estávamos solicitando há bastante tempo”, comemora a presidente da associação dos Surdos de Bento Gonçalves, Daniela Flamia.

“Procura aumentou significativamente”

Fotos: arquivo pessoal

A intérprete Stephanie atua na área há pouco mais de seis anos. Entretanto, seu contato com o estudo de Libras iniciou ainda na adolescência. Ao se deparar com a dificuldade de comunicação e acessibilidade em um momento de sua vida, a profissional decidiu se aperfeiçoar para fazer a diferença na comunidade.

Desde então, tem atuado em diversas frentes do município. Trabalha como intérprete cadastrada do Detran e já foi intérprete de partidos políticos, de apresentações artísticas, eventos culturais da cidade, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), do Enem, da Câmara de Vereadores, de escolas e instituições. Também atua na Associação dos Surdos de Bento e possui parceria com diversas empresas da cidade. Neste ano, a Festa de Santo Antônio e a ExpoBento foram alguns dos destaques de seu trabalho.

Em relação à ExpoBento, Stephanie afirma que foi uma experiência “fantástica e desafiadora”. “Fiquei impressionada, pois foi o ano que mais vi surdos participando da feira, e era nítida a alegria deles por ter a interpretação na sua língua. Vários assistiram os teatros e se divertiram junto com a família e amigos”, relata. Além do público surdo, o restante da comunidade também parece ter ficado encantado com a iniciativa. “Enquanto realizava a interpretação no palco, via muitas crianças tentando fazer o mesmo sinal, e se divertindo com o teatro e ao mesmo tempo tentando entender o que a moça de preto fazia”, conta a intérprete. “Acredito que aos poucos as pessoas vão conhecendo mais a cultura surda e a nossa profissão de intérprete, que é muito importante e de suma responsabilidade”, complementa.

Diante de suas várias experiências no ramo, Stephanie comemora o cenário atual do município, que parece ter prestado mais atenção nas questões que envolvem acessibilidade. “Acredito que Bento está melhorando, e muito. A procura [por intérpretes] já aumentou significativamente na minha visão profissional. Claro que ainda temos muito a melhorar. Ainda falta acessibilidade em atendimentos médicos, farmácias, hospitais e principalmente em situações de urgências”, destaca. “Geralmente as pessoas só percebem a dificuldade quando passam por ela. E nós temos a oportunidade, através da tecnologia, de buscar as informações necessárias para ajudar e tornar o meio em que vivemos mais acessível, sem precisar passar por um momento complicado. Podemos nos preocupar mais com o próximo, ter interesse em aprender Libras como temos em aprender inglês, espanhol e outras línguas”, complementa.

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