IPE Saúde acumula mais de R$ 5,2 milhões em atraso de pagamentos ao Tacchini

O superintendente do Hospital Tacchini, Hilton Mancio, utilizou o espaço da coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, 30/09, para expor um grave problema relativo ao IPE Saúde – sistema de assistência à saúde dos servidores públicos do RS, de seus dependentes e de pensionistas. De acordo com Mancio, a inadimplência do plano com o hospital vem crescendo mês a mês desde março desse ano. Atualmente, a dívida é de mais de R$ 5,2 milhões. “Está se tornando insustentável conseguirmos manter o volume de atendimentos de forma normal”, disse Mancio. 

Conforme o Tacchini, os pagamentos estão sendo realizados pelo IPE, mas em valores menores do que os devidos mensalmente, ocasionando a alta inadimplência. Na próxima semana será realizada mais uma reunião interna para tratar sobre o assunto. Entretanto, Mancio revelou que a situação vem sendo discutida juntamente com a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) há meses, sem retornos satisfatórios. “Já ultrapassamos a etapa de negociação”, afirmou. “Se não houver redução já em outubro deste valor devido, haverá redução da oferta de serviços”, adiantou Mancio. 

Foto: Reprodução/Cpers
 

O problema vem se repetindo em outros hospitais do estado. Ainda em agosto, a FEHOSUL protocolou, juntamente com a Federação das Santas Casas, um pedido de audiência no Palácio Piratini para tratar sobre “consistentes atrasos” por parte do IPE Saúde, referentes a pagamentos de serviços de saúde prestados por hospitais, clínicas e laboratórios do RS. Conforme relatado pela Federação, as entidades têm relatado que os serviços, em alguns casos, levam até 135 dias após a apresentação de notas (faturas), para serem quitados – muito acima do prazo acordado recentemente entre as entidades, Governo e o IPE Saúde, que é de 60 dias.

“Os pagamentos começaram novamente a serem espaçados, de tal forma que em 30 de julho os hospitais identificaram defasagem na quitação dos créditos das contas hospitalares de cerca de 90 dias, sendo que para as contas ambulatoriais dos hospitais, e das clínicas e laboratórios a defasagem atual varia entre 120 a 135 dias. São atrasos consistentes”, explica o presidente da FEHOSUL, Cláudio Allgayer, que assinou o pedido de audiência juntamente com Luciney Bohrer, Presidente das Santas Casas.

“Entendemos o esforço e o compromisso do Governo com a saúde gaúcha, mas chegamos em uma situação bastante difícil, já que estamos sendo ‘estrangulados’ pelo aumento exponencial da inflação específica do setor. Nos últimos quinze meses, verificamos em muitos materiais e medicamentos, elevações superiores a 50%”, disse Allgayer na ocasião.

Entretanto, até o momento, a situação ainda não foi resolvida e as entidades e seus representantes aguardam resposta do governo. 

Conforme o Tacchini, ao longo da história o IPE sempre teve problemas de atraso nos pagamentos. "Nos últimos anos, fizemos um trabalho forte junto à FEHOSUL para que eles se mantivessem dentro de 60 dias de pagamento. Esse trabalho teve relativo sucesso, até março deste ano, quando atingimos essa meta. Contudo, a partir de abril, essa relação vem piorando de forma contínua, atingindo em outubro o maior valor devido da história. Por isso esse é um problema que não terá como levar adiante por muito tempo", ressaltou a direção do hospital.