Janeiro registra maior calor da história de Bento
Não se fala em outra coisa: o calor está insuportável. E os números não negam. Bento Gonçalves registrou o janeiro mais quente da história. De acordo com posto meteorológico da Embrapa, que segue os padrões de medição da Organização Meteorológica Mundial, desde 1922, quando começaram a ser monitoradas as temperaturas na cidade, nunca havia sido registrada uma média tão alta.
A temperatura média para o mês de janeiro é de 23,4°C e o normal das temperaturas médias máximas é de 27,8°C. Neste ano o mês registrou a média das máximas de 32,8°C, cinco graus acima do normal. Antes disso, a média mais elevada havia ocorrido em 1986, quando chegou a 30,1°C. De acordo com Eduardo Monteiro, pesquisador da área de agrometeorologia da Embrapa, embora pareça baixo, comparado com a sensação térmica sentida pelos bento-gonçalvenses, o número é considerado surpreendente para o período. No último dia 29, o calor chegou ao seu ápice, atingindo 33,9°C. No mês de fevereiro, conforme dados colhidos até o dia 4, a temperatura mais alta foi de 32,8°C, na última segunda-feira. Até agora, o dia 30 de dezembro foi o mais quente do verão, com 35,1°C.
De acordo com Monteiro, o forte calor tem relação com a falta de chuvas. Em janeiro, as precipitações foram apenas de 88mm, enquanto a média normal é de 140mm. “Sempre que ocorrem períodos prolongados de seca a consequência é o aumento de temperatura. Via de regra, janeiro e fevereiro são quentes, mas este ano está acima do normal”, esclarece o pesquisador. Com a falta de chuva, a insolação e a radiação solar global também sobem. E a tendência é continuar quente pelo menos até a próxima segunda-feira, dia 10. De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a previsão é que as temperaturas ultrapassem os 30°C durante todo o final de semana. Na segunda e terça-feira, há 80% de chances de ocorrer pancadas de chuva, o que pode amenizar o calor.
O ar salvador
Michele Dall’Asta, de 25 anos, investiu em um ar-condicionado no inverno passado. Mal esperava ela que o eletrodoméstico seria o seu maior alívio no verão, principalmente, porque passa o dia trabalhando sem o luxo de um climatizador. Quem agradece também é seu cão de estimação, a pug Valentina, que chegou ser hospitalizada porque a temperatura do seu corpo chegou a 40°C. “Tivemos que aplicar uma injeção para voltar à temperatura normal. Neste verão, ligo o ar quando chego em casa no final do dia e só desligo na manhã seguinte. E passear com a Valentina na rua só depois das 21 horas”, relata Michele.
Vendas superam 2013Ari Manica, proprietário de uma fábrica de gelos de Barão, comemora o calor. Isso porque, as vendas cresceram 20% em relação ao ano passado. Além disso, carregar os produtos também ajuda amenizar o calor durante as entregas nas diversas cidades da região. “Tem dias que não dou conta de fazer todas as entregas”, revela. O proprietário de uma empresa que distribui água, Emerson de Quevedo, garante que nunca na história da empresa as vendas foram tão altas. “Só em relação ao ano passado, calculo pelo menos 30 % de aumento”, estima.
Produtos em falta
Quem também comemora o aquecimento das vendas são os estabelecimentos especializados. O vendedor de uma loja no centro da cidade revela que o aumento na comercialização de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado subiu de 20 a 30% em relação ao ano passado. “Recebemos 50 ventiladores em uma manhã e vendemos todos até a metade da tarde. Na semana passada, chegaram 300, e saíram todos em dois dias”, comemora o vendedor. Já a entrega de aparelhos de ar-condicionado pode demorar de 10 a 15 dias, e a instalação, pelo menos, 30 dias.
Reportagem: Raquel Konrad
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