Jovens de Bento foram assassinados no Paraguai
Foram 21 dias de incertezas e expectativas para as famílias de dois jovens de Bento Gonçalves que estavam desaparecidos. Lucas Morini, 23 anos, e Dionatan Cordova Dias, 28, saíram de casa no o final de julho rumo ao Paraguai e não retornaram mais. As esperanças dos amigos e familiares foram esfaceladas na última segunda-feira, dia 18, quando chegou a informação de que dois corpos haviam sido encontrados no país vizinho. A delegada Isabel Pires Trevisan, que responde temporariamente pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Bento Gonçalves, concedeu entrevista coletiva na terça-feira, dia 19. A motivação do duplo homicídio deverá ser investigada pelas autoridades do Paraguai.
Os corpos de Lucas e Dionatan foram localizados na manhã do dia 27 de julho, em um local distante cerca de 100 quilômetros de Foz do Iguaçu, com várias marcas de disparos de arma de fogo. “Os corpos estavam no interior, em uma área conhecida como Colonia Villar Crue, a 45 quilômetros da cidade de Ytakyry”, disse a delegada. A localidade fica a 915 quilômetros de Bento Gonçalves, distância que pode ser percorrida, de carro, em 14h, em média.
A delegada confirma que os trabalhos locais estão concluídos. As investigações continuarão sob responsabilidade da polícia do Paraguai. “A partir do momento que o homicídio ocorreu no Paraguai, a competência para a conclusão será daquele país. De nossa parte, estamos colaborando com as famílias para verificar os trâmites legais de translado dos corpos para o Brasil para que eles possam fazer o enterro. Já encaminhamos todo o material para a polícia paraguaia conseguir concluir os inquéritos”, explica.
A Polícia Civil de Bento realizou solicitações judiciais de quebra de sigilo telefônico e bancário, além de intermediações junto ao setor de inteligência do órgão para verificar, tanto no Paraguai quanto no Brasil, casos de pessoas mortas em acidentes ou homicídios que não tivessem sido identificadas. Mesmo assim, a associação entre os dois casos ocorreu somente 21 dias após o último contato deles com a família.
Sem identificação
Segundo o jornal paraguaio “Vanguardia”, um dos corpos encontrados possuía uma tatuagem no antebraço direito, com a inscrição “Vinícius” (filho de Lucas) e tinha marcas de tiros no pescoço e na nuca. O outro tinha uma tatuagem na mão esquerda, com a inscrição “Kevin” (filho de Dionatan). No segundo corpo foram encontradas marcas de tiro nas duas pernas, três nos braços, um grande corte no pescoço e vários na cabeça, supostamente produzido com “machetillo” – objeto semelhante a um facão. Para a polícia, o grande número de ferimentos confirma a tese de execução.
Evidências
Segundo a polícia, a família de Lucas sabia que eles se dirigiam ao Paraguai. Após o desaparecimento, os familiares foram orientados a registrar o roubo do veículo para que se começasse uma investigação. As primeiras informações davam conta de que a dupla saiu de casa na tarde do dia 25 de julho com destino ao município de Palmitos, no oeste de Santa Catarina, onde reside um ex-companheiro da mãe de Lucas. Eles conduziam um veículo Fiat/Idea, cor verde, que pertencia a uma tia do jovem. Os dois ingressaram no Paraguai no dia seguinte à saída (26 de julho), permaneceram no país vizinho por cerca de uma hora e meia e retornaram ao Brasil.
A partir desse momento não se sabe qual foi o destino dos dois jovens. Foram obtidas imagens de videomonitoramento da Ponte da Amizade, que divide Brasil e Argentina. “Recebemos as imagens deles atravessando a ponte entre Brasil e Paraguai e retornando uma hora e meia depois”, conta a delegada. A hipótese mais aceita até o momento é que Lucas e Dionatan teriam retornado ao Paraguai na madrugada do dia 27 de julho. A mãe de Lucas disse à polícia que o jovem teria entrado em contato por volta da 1h, dizendo que retornaria ao Paraguai. “Mas não temos imagens da travessia de retorno pela ponte. Então, concluímos que eles teriam atravessado por outro local”, disse Isabel. O veículo que os rapazes conduziam ainda não foi localizado pela polícia.
Lucas era natural de Bento Gonçalves e Dionatan nasceu em Tuparendi (RS). Os dois jovens eram vizinhos no bairro Progresso. A polícia e a própria família de Lucas afirmam que as viagens dele ao país vizinho eram frequentes. Geralmente, ele viajava uma vez por mês com o mesmo veículo. Porém, teria sido a primeira viagem na companhia de Dionatan.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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