Justiça ouve testemunhas sobre acusação de apropriação de salários na Câmara

As testemunhas do caso de suposta apropriação indevida do salário de funcionários por parte de quatro vereadores e de outras quatro pessoas de Bento Gonçalves ocorre na tarde desta quinta-feira, dia 17. Os vereadores Adelino Cainelli (PP), Marcos Barbosa (PRB), Marlen Pelicioli (PPS) e Vanderlei Santos (PP) são acusados de concussão e improbidade administrativa junto de outras quatro pessoas, que não atuariam na Câmara. O caso é julgado pela 3ª Vara Cível, cuja titular é a juíza Romani Terezinha Bortolas Dalcin. Em função de o processo correr em segredo de justiça, não é possível acompanhar os depoimentos.

A reportagem do SERRANOSSA ouviu uma testemunha em maio do ano passado, que relatou como parte do esquema funcionava. Confira:

"Era coisa de R$ 30 mil, R$ 40 mil", diz ex-assessora.

Uma das testemunhas ouvidas pelo Ministério Público, em pelo menos duas ocasiões, relatou ao SERRANOSSA como funcionava o esquema em um dos gabinetes. Segundo a vítima, assim que foi contratada, com salário superior a R$ 3,7 mil, ela foi informada de que teria duas opções: receber apenas R$ 1 mil e mais R$ 200 em vale-refeição ou receber diretamente o total de R$ 1,2 mil – nas duas alternativas, ela ficaria somente com um terço dos seus vencimentos. A justificativa apresentada na ocasião era a necessidade de pagar outros funcionários, inclusive da bancada do partido.

Como acreditou na suposta destinação do montante, a mulher aceitou o combinado. Entretanto, alguns dias depois, ao saber que os servidores eram efetivados – e, portanto, já pagos pela Câmara de Vereadores –, ela se negou, já no primeiro salário recebido, a repassar o dinheiro. “Eu fiquei sabendo que o dinheiro não iria para esses funcionários. Então, não quis pagar, e me mandaram embora. Disseram que eu não cumpri o acordo”, conta a informante, que, em função da negativa, trabalhou menos de um mês na Casa. 

Mesmo assim, ela garante que a cobrança era conhecida por todos no gabinete e tinha, como indicado pela promotoria, participação de pessoas de fora. “Sempre havia um terceiro que recolhia o dinheiro, mas, na hora em que falaram sobre isso comigo, estavam todos na sala”. Além disso, a testemunha confirma que também era oferecida a possibilidade de que os assessores fizessem um empréstimo, que seria pago por eles em parcelas mensais, de valor elevado. “Não era empréstimo pequeno, era coisa de R$ 30 mil, R$ 40 mil. Era uma forma de garantir que eles iriam receber, e isso também chamaria menos a atenção”, completa.

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