“Laranja” de Bento Gonçalves está entre os investigados em fraude de R$ 500 milhões
Operação Ozark cumpriu mandados em Bento Gonçalves e outras quatro cidades por fraude fiscal e lavagem de dinheiro em esquema de R$ 500 milhões

Uma operação da Polícia Civil e da Receita Estadual cumpriu mandados em Bento Gonçalves e em outras quatro cidades do Rio Grande do Sul na manhã desta sexta-feira (19), no âmbito de uma investigação que apura um esquema de fraudes fiscais que teria movimentado cerca de R$ 500 milhões em notas fiscais fraudulentas.
Em Bento Gonçalves, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão em uma residência. No local, foram apreendidos celulares e um computador (CPU). Um homem foi preso por porte ilegal de arma de fogo. A identidade do investigado não foi divulgada.
A ação integra a Operação Ozark, deflagrada pelo Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (DERCAP), em conjunto com a Receita Estadual, com apoio da DECON/DEIC, Departamento de Polícia do Interior (DPI) e do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão nos municípios de Capão da Canoa, Arroio do Sal, Bento Gonçalves, Farroupilha e Montenegro, além do bloqueio de até R$ 16 milhões em ativos financeiros e da indisponibilidade de imóveis e veículos ligados aos investigados.
Segundo a investigação, o esquema era liderado por um contabilista do município de Montenegro, responsável pela criação de ao menos 111 empresas de fachada, conhecidas como “noteiras”. Essas empresas eram registradas em nome de sócios “laranjas” e utilizadas para a emissão de notas fiscais fictícias, simulando operações comerciais inexistentes.
De acordo com o delegado Augusto Zanon, responsável pela investigação, o esquema incluía até a criação artificial de créditos e débitos tributários. Além disso, não havia circulação de mercadorias. Nada saía de A para B. As operações existiam apenas no papel, por meio de contratos fantasiosos. Após a emissão das notas, as empresas acabavam “falindo”, o que impedia a cobrança dos tributos, e os valores eram revertidos para outro esquema de lavagem de dinheiro.
Além da prisão em Bento Gonçalves, a operação resultou na apreensão de quatro veículos de luxo, documentos, celulares, armas e drogas. Em estabelecimentos comerciais ligados aos investigados, também foram encontrados eletroeletrônicos desviados, produtos falsificados e bebidas impróprias para consumo.
A Polícia Civil informou que os investigados deverão responder por organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária. As investigações seguem em andamento.