Levantamento de peso vem quebrando paradigmas

Uma das primeiras ações da Federação Esportiva de Levantamento de Peso do Rio Grande do Sul (FELP-RS) desde que se instalou na cidade, em setembro de 2014, foi a parceria com uma escola próxima ao Centro de Treinamento para o início do “Futuro de Peso na Serra Gaúcha”, projeto social de iniciação ao levantamento de peso, no contraturno escolar, com crianças e adolescentes de 8 a 12 anos. Antes mesmo de as atividades iniciarem, no entanto, a direção do colégio e professores voltaram atrás e resolveram desfazer a parceria. “Não quiseram levar as crianças para conhecer o esporte porque na cabeça dos professores deve ser algo que machuca, que vai trazer algum tipo de prejuízo físico. Precisamos estimular as pessoas para que possa haver essa quebra de paradigma”, disse na época o treinador e vice-presidente da FELP, Rafael Squassoni. Hoje, mais de seis meses depois, a empreitada de atrair jovens à modalidade ainda exige persistência, mas a semente do projeto está plantada.

Cerca de 20 crianças e adolescentes estão inseridos no “Futuro de Peso na Serra Gaúcha” com atividades regulares há cerca de quatro meses, algumas delas com uma evolução bastante visível, principalmente na postura e coordenação geral. Ainda é pouco, considerando a capacidade prevista para o projeto – 60 alunos no primeiro ano e 120 no segundo – financiado pela empresa Steffenon Alimentos através do Programa de Incentivo ao Esporte do Estado do Rio Grande do Sul – Pró-Esporte/RS. A introdução, no entanto, tem sido gradativa. Segundo Squassoni, praticamente 100% daqueles que experimentam as atividades permanecem no projeto, e são as próprias crianças que têm ajudado a quebrar paradigmas. “A média de permanência é praticamente 100%. É muito simples, o ser humano foi feito para fazer força. Não existe nada mais prazeroso do que explorar os limites do seu corpo, desde que sejam utilizados bom senso e critérios. Conforme vão aparecendo as primeiras crianças, é um efeito cascata. Ao tempo em que vamos derrubando os mitos, quebrando os paradigmas, vai aumentando o interesse da sociedade em geral. Tenho certeza que vamos chegar a 60 crianças, mas também não temos pressa para isso. A FELP veio a Bento para fazer um trabalho de longo prazo”, salienta, reforçando a importância dos pais experimentarem e vivenciarem uma aula, juntamente com as crianças, antes de tirar conclusões. “Nossa principal barreira ainda é a percepção da palavra peso por parte da maioria das pessoas. Palavra que, infelizmente, está associada a algo negativo em nosso idioma, enquanto no Espanhol está relacionada à riqueza. Coincidências à parte, o esporte é mais desenvolvido e praticado nos países de idioma Espanhol em relação aos de idioma Português, tanto na América quanto na Europa. Sempre pedimos para experimentar e depois tirar conclusões. Sendo ensinado por profissionais devidamente capacitados, é um esporte extremamente seguro e que proporciona resultados fantásticos, como a melhora da postura e da autoestima. Em relação à condição esportiva, promove o desenvolvimento das capacidades físicas condicionantes (velocidade, força, flexibilidade, coordenação) e cognitivas (concentração e velocidade de reação). Por todos esses motivos, entre outros, as técnicas do levantamento de peso olímpico são praticadas por grande parte dos atletas mais potentes do planeta, nas mais variadas modalidades, como atletismo, lutas, esportes coletivos e individuais. Por isso é considerado mundialmente o esporte de todos os esportes”, conta. 

O principal desafio da FELP é inverter a pirâmide do esporte no Brasil. A maioria dos praticantes começa tarde, quando já não há mais tempo para alcançar o nível de um atleta olímpico. A partir do projeto social, pioneiro no Brasil com crianças de oito anos, a entidade acredita que poderá captar jovens com potencial e lapidá-los para o alto rendimento. Com um número maior de atletas olímpicos, a visibilidade do esporte aumentaria e o preconceito, por consequência, seria contrariado ou ao menos minimizado. “Aqui nós temos tudo, um centro bem estruturado, profissionais de extrema competência, com diversos cursos e conhecimento multidisciplinar dentro das áreas de fisiologia do exercício, medicina do esporte e propriamente do treinamento esportivo. Os hábitos comportamentais da Serra Gaúcha são fatores que motivaram a FELP a estar aqui. As crianças e jovens, no geral, são disciplinados e educados, a qualidade nutricional e a genética das pessoas da região são excelentes para o contexto de formação de atletas. Se a criança começar com até 12 anos de idade, terá reais chances de alcançar um altíssimo nível técnico, físico e psicológico necessário para tornar-se um medalhista olímpico”, ressalta o professor.

Como participar

Meninos e meninas de 8 a 12 anos estão aptos a participar do “Futuro de Peso na Serra Gaúcha”, com aulas gratuitas na sede da FELP-RS (rua Senador Salgado Filho, no bairro São Bento, próximo à Pousada Thiany). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 8182 5877 ou e-mail futurodepeso@felprs.com.br

 

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