Licitação depende de novo estudo

Apenas em fevereiro deve ser finalizado o estudo com o plano operacional do sistema de transporte coletivo de passageiros em Bento Gonçalves. Entretanto, até que a licitação seja lançada, mais um estudo será necessário. Desta vez, para dar encaminhamento para a abertura do edital. O novo estudo, no valor de R$ 75,8 mil, será realizado pela empresa Edson Marchioro Arquitetura, Urbanismo e Engenharia – a mesma convidada a fazer a auditoria no Ipurb –, e terá prazo de conclusão de 90 dias. A primeira etapa serviu para diagnosticar o serviço atualmente prestado no município, dados que a prefeitura não possuía até então. Neste segundo momento será definido o objeto da licitação, incluindo tarifação, novas linhas, rotas e horários. Não está descartada a possibilidade de realização de nova audiência pública – a exemplo da que aconteceu nesta semana – para debater a questão.

No encontro realizado na última segunda-feira, dia 30, os dados levantados pelo estudo técnico foram apresentados à comunidade pelo arquiteto urbanista Ricardo Schiavon, da empresa RS Consultoria Ltda, de Porto Alegre. Segundo ele, praticamente 100% do município está coberto pelo transporte coletivo. “É importante destacar que, conforme o que foi levantado em campo, não há superlotações no transporte” observa.

Problemas e sugestões

De acordo com Schiavon não é necessário aumentar a frota atual, apenas fazer pequenos ajustes. “Dependendo do horário, uma mesma linha passa por diferentes rotas. Não há padronização. Esses fatores aumentam o custo e o tempo de deslocamento”, comenta. Outros problemas levantados referem-se ao excessivo tempo de espera na parada, ausência de integração tarifária e baixa utilização das linhas de seletivo. “O modelo atualmente adotado para o transporte seletivo precisa ser reavaliado”, complementa.

Uma das sugestões apontadas pelo estudo técnico é a aquisição de um sistema inteligente de transporte que permite, por exemplo, a comunicação entre o motorista e a central por meio de GPS. Uma das possibilidades deste novo sistema é a implantação de um painel nas paradas de ônibus que informará o tempo de espera para o próximo veículo e os destinos percorridos. A licitação deve ser dividida em dois lotes.

O modelo propõe que sejam criadas linhas radiais organizadas com seis eixos de acesso ao centro, formando microbacias operacionais: Fortaleza, 13 de Maio, Castelo Branco, Marques de Souza, São Roque, Setor Oeste. As linhas de cada eixo serão identificadas numericamente e os veículos por cores. Posteriormente também deve ser criada uma linha transversal, que passará pelo chamado Corredor Moveleiro, via que ligará os lados leste e oeste de Bento Gonçalves passando por 200 empresas moveleiras, e que deverá ser implantada com recursos do Programa Pró-transporte. Além disso, devem ser mantidas as linhas diagonais para atendimento aos principais deslocamentos não centralizados. Após a contratação das empresas, as mudanças de rotas, linhas e horários devem ser graduais, para minimizar transtornos para a população.

Sugestões ainda podem ser enviadas

Interessados podem enviar sugestões via e-mail (mobilidade@bentogoncalves.rs.gov.br) até o dia 10 de fevereiro. As manifestações e solicitações serão analisadas, com retorno posterior para a comunidade.

Lotes

Lote Sul: setor sul, sudeste e leste da cidade composto pelos eixos Fortaleza, 13 de Maio e Castelo Branco. Atende aos bairros Verona, Vila Verde, Santo Antão, Santa Helena, Santa Marta, Vila Nova e Barracão;

Lote Norte: setor nordeste, norte e oeste composto pelos eixos Marques de Souza, São Roque e Oeste. Atende aos bairros Cohab, Borgo, Ouro Verde, Zatt, São Roque, São João, Vinhedos e Municipal.

Desafio é incentivar o uso do ônibus

O maior desafio da administração, entretanto, deve ser criar mecanismos para fomentar o uso do transporte coletivo. “Com o ritmo com que os carros estão sendo colocados no mercado, fica praticamente impossível para qualquer administração pública sanar os problemas do trânsito apenas com obras”, destaca o arquiteto urbanista Ricardo Schiavon. Segundo ele, as alternativas passam por aumentar a qualidade e modernidade do sistema, além da conscientização da população.

Preço da passagem

De acordo com o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Heber Moacir dos Santos, a definição da empresa vencedora da licitação não se dará pelo menor preço de passagem e sim pela qualidade técnica e maior valor oferecido para a concessão. “Em alguns municípios, a licitação leva em conta o menor preço da passagem. O problema é que uma empresa vence a licitação por um valor muito baixo e no primeiro reajuste do valor, o preço da passagem chega a dobrar”, explica. Para isso, a tarifa já será determinada no edital, independente da empresa vencedora. No valor da concessão a ser pago pelas empresas, será estipulado um valor mínimo que cubra as possíveis indenizações caso Bento e Santo Antônio – empresas que prestam o serviço atualmente – não sigam prestando o serviço. Sendo assim, caso ocorram, as indenizações não irão onerar os cofres públicos.


Carina Furlanetto

 

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