Ligações telefônicas minimizam os impactos da suspensão de visitas na Penitenciária de Bento

A pandemia do novo Coronavírus afastou fisicamente pessoas em todo o mundo, devido às medidas de isolamento social. Mesmo após a retomada da maioria dos serviços e da redução de medidas mais duras, algumas pessoas continuam sofrendo com a distância. É o caso dos apenados que cumprem pena no Rio Grande do Sul e seus familiares. Desde o dia 23/03, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) emitiu uma Nota Técnica sobre a suspensão das visitas presenciais em casas prisionais de todo o Estado. Desde então, o documento vem sendo atualizado, visando prorrogar a suspensão, até que os dados sobre a pandemia comecem a apresentar decréscimos efetivos. 

O fim das visitas gerou angústia entre os presos e seus familiares, que ficaram sem se comunicar por mais de um mês. “Eu tenho um irmão e meu marido presos. No começo foi bem ruim porque eu não tinha notícias deles, não sabia do que precisavam. A gente sofreu bastante. Tenho uma menina pequena que sentiu muito a ausência do pai. Ela ia visitar ele sempre dois domingos por mês. E ele também sofreu bastante por não saber como ela estava”, conta uma familiar. Além das visitas presenciais, a entrega de sacolas com alimentos e produtos de higiene também havia sido suspensa, a fim de conter a disseminação do vírus. Entretanto, a decisão foi revogada após manifestação da Procuradoria-Geral do Estado. 


 

Já no dia 13/04, a Susepe introduziu a modalidade de televisita, a partir da utilização de computadores para que os presos e seus familiares pudessem conversar. Em Bento Gonçalves, a forma encontrada para permitir o contato foi via telefone, já que o sinal de internet é fraco na região onde a penitenciária foi construída. “A ligação tem duração máxima de 10 minutos e acontece em uma sala reservada, com a presença de uma assistente social e de um agente penitenciário. O familiar tem que ser de primeiro grau e estar cadastrado no sistema”, relata o administrador da Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves, Volnei Zago. 

As ligações foram adotadas no dia 24/04 e, desde então, 45 presos já utilizaram o serviço. “A Penitenciária de Bento foi a que mais realizou ligações na região da 7ª Delegacia Penitenciária”, afirma Zago. 

A medida serviu como alívio para dezenas de familiares que aguardavam ansiosamente notícias dos apenados. “A primeira ligação que recebi foi em maio. Era uma das 10h da manhã e um número estranho me ligou. Era a assistente social dizendo que meu marido queria conversar comigo. Foi uma surpresa e uma alegria. Tivemos 10 minutos para conversar e passou rápido, porque eu tinha que contar como estava a bebê, que ela tinha começado a caminhar”, declara a familiar. 

De acordo com a atualização da última Nota Técnica, as visitas seguiriam suspensas até esta sexta-feira, 05/06, mas a expectativa é que o prazo seja prorrogado. Mesmo assim, os familiares se mostram menos angustiados com a adoção das ligações. “Eu já falei com ele duas vezes e fiquei bem mais calma e tranquila em saber que ele está bem”, desabafa.

Foto ilustrativa/SUSEPE