Lojistas tentam barrar corredor de ônibus

Ao que tudo indica, a proposta de implantar um corredor de ônibus no Centro de Bento Gonçalves, apresentada pela prefeitura no final de 2013, vai encontrar forte resistência de lojistas. Nesta semana, um grupo de comerciantes da Barão do Rio Branco – rua por onde iniciaria a instalação da pista exclusiva para o transporte coletivo – iniciou uma mobilização para tentar barrar o projeto da administração municipal. 

A iniciativa prevê a retirada de vagas da Zona Azul em um dos lados da via, que ficaria restrita à passagem de ônibus e táxis. A justificativa para a contrariedade dos empresários à medida é que, com a redução de espaços no estacionamento rotativo, haveria uma baixa no fluxo de clientes e, consequentemente, no volume de vendas

Reunidos na noite da última quarta-feira, dia 15, proprietários de estabelecimentos comerciais da área decidiram que encaminharão suas demandas a entidades que representam a categoria, como o Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). A intenção é reforçar o pedido para que o Poder Público reveja a proposta.

“Rua fantasma”

Proprietário de uma floricultura no local, Paulo Rosário dos Santos afirma que o projeto transformaria a Barão do Rio Branco em “uma rua fantasma”. “Tenho certeza que muitas pessoas vão fechar as lojas se isso ocorrer. Eu não sou contra o corredor, mas me parece que não é o lugar ideal. E tem mais: o pessoal não vai deixar o carro em casa para vir ao Centro de ônibus. A cultura da cidade não vai mudar”, aponta o empresário.

Na opinião de Santos, nem mesmo a oferta de estacionamentos particulares no Centro teria condições de absorver a movimentação de carros. “Muitos desses estacionamentos privados estão em áreas que logo vão ter construções. É questão de pouco tempo. E não há uma visão focada para construir garagens. Então, é uma coisa que só vai piorar, porque essas mudanças, daqui a dois ou três anos, já não vão mais servir”, completa.

De acordo com ele, o grupo voltará a se reunir nas próximas semanas para discutir de que forma será conduzida a mobilização de agora em diante. Uma das possibilidades é a criação de um abaixo-assinado para tentar conseguir a adesão de um grande número de lojistas, inclusive de outros pontos do Centro.

Estudo 

Para Maria Lúcia Picinini, que também é proprietária de uma loja na Barão do Rio Branco, a prefeitura ainda precisa apresentar de forma mais ampla os argumentos e os dados técnicos que justificariam a criação do corredor. “Queremos chegar a um acordo, não pode ser uma decisão unilateral. Hoje, com estacionamento dos dois lados, a situação já é crítica. Acho que é necessário fazer um estudo mais aprofundado”, diz a comerciante.

Os reflexos causados pela mudança, na avaliação de Maria Lúcia, não seriam sentidos apenas na rua por onde iniciaria a implantação. “Todo o comércio do Centro vai sofrer, é algo inviável. Sabemos que muita gente estaciona por aqui, mas vai para outros locais. E há pessoas que param em outras ruas para vir comprar aqui na Barão. Acho que o mais importante, em um primeiro momento, seria retirar os caminhões do Centro. Esse seria um passo importante para melhorar a mobilidade urbana”, opina.

O projeto

O plano, apresentado pela prefeitura à CDL e ao Conselho Municipal de Trânsito (Comtran) no dia 19 de dezembro, prevê a retirada de vagas do lado direito das vias, com realocação de alguns pontos de táxi e implantação de sinaleiras, em cinco locais: nas ruas Barão do Rio Branco (a primeira a receber as intervenções), Saldanha Marinho, Júlio de Castilhos, Guilherme Fasolo e avenida Osvaldo Aranha. Na área central, os estacionamentos seriam proibidos das 6h às 23h e no bairro Cidade Alta, das 6h às 8h30 e entre as 17h30 e as 19h30. 


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